Muitas polémicas já se geraram em torno de adoçantes artificiais ou químicos. No entanto, mais um adoçante, desta vez, de origem natural, mas trabalhado em ambiente laboratorial, poderá surgir daqui a dois anos.
Trata-se de uma substância extraída a partir das raízes de uma planta sul-africana denominada de Schlerochiton illicifolius, e que tem na sua base um aminoácido cujo nome é monatina. Esta, segundo dizem os responsáveis do projecto, é 1400 vezes mais doce do que o próprio açúcar e 7 vezes mais do que o aspartame, embora ainda falte avaliar a toxicidade do produto em termos de consumo humano.
A investigação está a cargo de cientistas brasileiros do Instituto de Química da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que afirmam já ter isolado a molécula para produzi-la em larga escala. Só que, como são os investigadores sul-africanos que detêm os direitos internacionais sobre a monatina, o projecto levado a cabo pela equipa brasileira está a tentar desenvolver outros adoçantes baseados nela, o que significa que só os poderão criar com outros compostos. Tendo por objectivo o lançamento de mais um adoçante natural para o mercado, Fernando Coelho, um dos responsáveis, diz que este tipo de produtos (adoçantes naturais) são menos calóricos do que os sintéticos e, por isso, não engordam tanto. Podem também ser usados pelos diabéticos sem correrem quaisquer riscos, uma vez que também resistem às temperaturas altas.
Recordemos que o uso dos adoçantes químicos continua a ser fonte de polémica, especialmente no que diz respeito às doses consumidas pelas pessoas. Como todas as substâncias químicas, também os adoçantes têm limites que o organismo tolera em quantidades estritas. Se se excedem os valores, podem surgir problemas. O produto químico mais visado é o aspartame, o adoçante mais utilizado por toda a população mundial. O aspartame liberta para o organismo humano quantidades mínimas de metanol, ácido aspártico e fenilalanina. Os especialistas referem que esses valores são toleráveis para o homem, mas em nada se refere das possíveis consequências se essas substâncias forem libertadas para o organismo com maior frequência, o que significa, na prática, um abuso da quantidade de adoçante consumida por dia. Os limites aconselhados são de 50 mg/kg, o que equivale a dizer que uma pessoa de 70 kg pode beber até 20 canecas de bebida adocicada com aspartame, ou consumir 20 pacotes do referido produto por dia. O argumento dos especialistas é que ninguém chega na realidade a consumir este valor.
Contudo, por exemplo, quanto à substância metanol (talvez a mais perigosa, libertada durante a digestão de aspartame), esta atinge rapidamente valores máximos em termos de tolerância por parte do ser humano. Segundo informações detalhadas acerca desta substância, a exposição excessiva implica altos riscos de saúde e a sua inalação ou ingestão, ou simples proximidade, podem produzir efeitos devastadores na saúde das pessoas. Assim, os problemas mais comuns quanto à inalação de metanol são: dor de cabeça, fadiga, insónia, vertigens, tremores, ruído nos ouvidos, visão dupla, visão turva, cegueira, problemas dermatológicos vários e ainda náuseas, vómitos e cólicas. Quanto à sua ingestão, os problemas são ainda mais graves, pois o metanol é rapidamente absorvido pelo organismo.
Assim, temos a seguinte lista: problemas digestivos, tais como náuseas, vómitos, diarreia e dor abdominal. Problemas neurológicos, como dor de cabeça, vertigens, embriaguez, astenia (enfraquecimento geral do corpo), sonolência, possibilidade de coma, e ainda a dilatação das pupilas, com a consequente diminuição da acuidade visual e risco de cegueira, pois conduz à degeneração das terminações da retina e do nervo óptico. Para culminar, os efeitos irreversíveis poderão ser hemorragia cerebral e outras lesões, quer do cérebro, quer do cerebelo. Seguem-se problemas eminentes que jogam com a vida e a morte de uma vítima de exposição excessiva ao metanol, que são a consequente hipotensão e insuficiência cardíaca ou respiratória, das quais pode resultar a morte imediata, por paragem das funções vitais. Quanto aos contactos do metanol com os olhos e com a pele, podem igualmente surgir danos físicos: nos olhos provoca irritação da córnea e na pele provoca dermatites, perdendo a pele a capacidade de se desengordurar, devido ao efeito subversivo do líquido nesta.
As ligações do aspartame a todos estes problemas de exposição química não são conhecidos, e também é verdade que é muito difícil estabelecer relações directas entre o consumo humano de aspartame e a libertação de metanol para o organismo em função desse consumo. No entanto, especialistas de alimentação alternativa, como é o caso de Francisco Varatojo, do Instituto Macrobiótico de Portugal, continuam a sustentar que os adoçantes artificiais, nomeadamente o aspartame, representam um risco sério a ser tomado em consideração. Com efeito, refere-nos ele a propósito de alguém querer consumir adoçantes artificiais: «Pois bem, se quer um bom conselho não faça isso: se o açúcar é extremamente prejudicial para a saúde é ainda assim melhor (difícil de acreditar, não é?) do que os adoçantes sintéticos disponíveis no mercado. Existem muitos estudos que ligam estes produtos a problemas como o cancro da bexiga, esclerose múltipla, Alzheimer e muitos outros.» E aponta ainda outros sintomas: dor abdominal, artrites, fadiga crónica, depressão, diarreias, tonturas, fome ou sede excessivas. Ainda dores de cabeça, enxaquecas, palpitações cardíacas e também urticária, incapacidade de concentração, impotência, dores nas articulações, passando por mudanças de personalidade, perda de memória, problemas menstruais, adormecimento das extremidades, ataques de pânico, fobias, convulsões, zumbido nos ouvidos, perda de visão e aumento de peso.
Este especialista aposta assim no uso de adoçantes naturais como o mel de arroz e outros obtidos a partir de processos naturais. Ainda assim, o FDA (Food and Drug Administration), a organização internacional responsável pela aprovação de aspartame e outras substâncias para o mercado e para o consumo humano, considera que este último é saudável, não tem efeitos contraproducentes e, por isso, não vê nenhuns motivos para não autorizar o seu consumo, desde que nas quantidades diárias recomendadas. E mais: a sua posição é formulada deste modo, porque se baseia no inquérito público nacional (dos Estados Unidos) apresentado por uma comissão independente de cientistas, que garantiu que nenhuma relação existia entre consumo de aspartame e tumores cerebrais. Mas e o resto? E ainda assim, continua a questão: são os adoçantes artificiais prejudiciais para a saúde? Quem tem razão?
Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-218-Que%2Bgarantias%2Bpara%2Buso%2Bde%2Bado%25E7antes%253F.html