Originário das águas frias dos mares que circundam o Pólo Norte, o bacalhau é um alimento milenar. Registos mostram a existência de fábricas para o seu processamento na Islândia e na Noruega desde o século IX.
O mercador holandês Yapes Ypess foi o primeiro a fundar uma indústria de transformação na Noruega, por isso, é considerado o pai da comercialização do peixe industrializado. A partir de então, a procura do peixe passou a crescer, o que proporcionou o aumento do número de barcos pesqueiros e de indústrias pela costa norueguesa, transformando a Noruega no principal pólo mundial de pesca e exportação do bacalhau.
O bacalhau pesca-se durante todo o ano, ainda que a maior parte das capturas seja efectuada entre fins de Março e princípios de Outubro de cada ano.
Normalmente, vive em grandes profundidades, tanto maiores quanto maior for a idade, podendo encontrar-se a mais de 450 metros. Pode atingir 20 anos de idade, ultrapassar 180 centímetros de comprimento e pesar mais de 20 quilos.
O bacalhau está a ser vítima da sua popularidade em cozinhas de todo o mundo. A pesca intensiva está a ameaçar de extinção o Cod, peixe que dá origem ao bacalhau.
Há anos que pesquisadores e ecologistas alertam que o bacalhau, uma das espécies mais comercias do mundo, corre risco de extinção. Porém, o estudo realizado pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar (Ciem), grupo que reúne cerca de 1600 cientistas de 19 países e que controla o Mar do Norte, elaborando anualmente um relatório e recomendações aos governos da União Europeia para o estabelecimento de quotas de pesca, revelou em Outubro passado que não há sinais de recuperação dos stocks de bacalhau na zona. Num comunicado emitido por ocasião de uma reunião na cidade norueguesa de Bergen, o grupo de trabalho repetiu pelo terceiro ano consecutivo o alerta.
O Ciem além da proibição da pesca do bacalhau, propôs também a proibição da pesca de outras espécies de peixes de grande valor comercial, como o hadoque. O motivo é que as redes para apanharem essas espécies acabam por pescar também o bacalhau. O relatório recomenda uma redução drástica da pesca desta espécie, ou mesmo o seu fim em 2005, em todo o Mar do Norte, no Mar da Irlanda e nas águas do Ártico.
Os cardumes de bacalhau foram sendo reduzidos ao longo de séculos de pesca excessiva. Nas últimas décadas, a modernização da indústria pesqueira levou a que a captura fosse mais eficiente, o que consequentemente acelerou o processo de extinção.
Actualmente, não são só os cardumes que estão menores, mas também os peixes. Isso deve-se ao facto de durante anos os animais maiores terem sido intensamente capturados, fazendo com que a população remanescente da espécie seja descendente de peixes menores.
Nos últimos 20 anos a população de bacalhau tem ficado abaixo do mínimo necessário para sustentar a sobrevivência da espécie. Além da pesca excessiva, o próprio ciclo de reprodutivo do bacalhau dificulta a recuperação da espécie. De cada 20 crias, apenas uma consegue sobreviver tempo suficiente para se reproduzir, pois o bacalhau leva até seis anos para chegar à maturidade sexual.
O cod já é considerado, por muitos cientistas e organizações internacionais de preservação da natureza, uma espécie ameaçada de extinção devido à pesca excessiva.
Já em Novembro de 2002 durante a XII Conferência das Partes da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (Cites), em Santiago do Chile, houve uma proposta australiana para colocar o bacalhau de profundidade no Apêndice II desse tratado, que estabelece regras para a sua compra e venda no mundo. Os delegados optaram antes, de forma unânime, por uma proposta do Chile no sentido de deixar a espécie fora desse regime especial de protecção e mantê-la sob vigilância da Convenção para a Conservação dos Recursos Vivos Marítimos Antárcticos (CCAMLR), garantindo-lhe a aplicação de um sistema de documentação que permita certificar a origem do bacalhau e discriminar entre um produto legal e outro ilegal. Organizações ambientalistas, como a União Mundial para a Natureza (UICN) afirmam que as medidas de protecção em vigor até agora através da CCAMLR não são suficientes para deter a pesca excessiva do bacalhau.
Outro dos grandes problemas para esta espécie é também a pesca pirata. Um documento da Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos adverte que o alto preço pago por esse peixe gera uma pesca ilegal e não regulada que ameaça a espécie. O bacalhau de profundidade é pescado em mares próximos da Antárctida, mas 90% da produção é imediatamente enviada para restaurantes no Japão, Estados Unidos e Europa.
É uma situação crítica, porque nunca os stocks no Mar do Norte se encontraram em níveis tão baixos como os actuais. Cientistas estimam a actual reserva em 46 mil toneladas de cod adulto, o que é grave se comparado às 250 mil toneladas em 1960; o nível mínimo de stock para garantir a sobrevivência da espécie é de 150 mil toneladas. No Mar da Irlanda, os stocks estão 50% abaixo do recomendado e na costa ocidental da Escócia a situação também é preocupante.
Por isso, medidas como a redução radical das cotas de pesca nos próximos cinco anos, estão a ser tomadas pelos países europeus. As cotas foram reduzidas em até 40% do que foi pescado no ano de 2000. Esse facto, verifica-se no aumento do preço do bacalhau registado ao longo dos últimos anos.
Apesar das recomendações, para os executivos europeus é impensável extinguir, mesmo que por um curto período, todo um sector da pesca. Só na Grã-Bretanha, a proibição da pesca do bacalhau poderia pôr em causa 20 mil empregos. A União Europeia tem optado apenas por proibir a actividade durante a época da reprodução e reduzindo as quotas de pesca.
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