Longe de quererem obrigar os dez milhões de portugueses a fazer uma dieta vegetariana, os participantes no colóquio "A Ética e a Defesa dos Animais Não Humanos", realizado nos dias 21 e 22 de Maio na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, alegam que a opção mais ética e correcta é não comer animais.
"O consumo de animais é supérfluo, não há razão para continuar a comê-los quando é tão fácil ser vegetariano", comentou Desidério Murcho, filósofo e vegetariano convicto, que prepara um doutoramento em Lógica Filosófica.
"Quem come carne e peixe não vê o sofrimento que os animais passam para chegar até ao prato", lembrou, num colóquio organizado pela Sociedade Ética de Defesa dos Animais (SEDA).
"Uma dieta vegetariana variada, rica e saudável, é uma medida cautelar de saúde", acrescentou Desidério Murcho, que alertou para a cultura onde estamos inseridos. "A nossa cultura cega as pessoas e leva-as a considerar que uns animais são mais do que outros, pois a convivência com cães e gatos impede as pessoas de os comer", acrescentou, citado pela Lusa.
Outro argumento diz respeito à necessidade de alargar os produtos alimentares: "Se a produção intensiva de carne fosse abolida e o consumo de vegetais fosse largamente implantado deixaria de haver fome no mundo".
Para o filósofo são "inaceitáveis as experiências científicas que fazem com animais só para testar champôs e cremes", porque "não são experiências para o bem da humanidade como todos pensam que são".
O filósofo ainda deu particular destaque aos direitos dos animais que não podem ser vistos através da ideia de que só tem direitos quem tem obrigações, isto porque um recém-nascido ou um deficiente mental profundo não têm quaisquer deveres mas têm os seus direitos reconhecidos".
"Ainda que os animais não tenham direitos não podemos dispor deles como objectos", concluiu o activista.
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