Existem muitos alimentos, além dos lacticínios, com capacidade de prender o cálcio aos ossos.
Hoje em dia a osteoporose é notícia e, cada vez mais, um negócio que rende milhões. Como doença saiu da obscuridade há apenas duas décadas, para se tornar uma preocupação das mulheres de todos os países industrializados.
Quando questionada sobre as causas da osteoporose, a maioria das pessoas responderá: "falta de cálcio". Esta ideia é reforçada todos os dias quando se lembra às mulheres que bebam cerca três copos de leite diariamente (para além dos seus suplementos de cálcio). Mesmo mulheres jovens, saudáveis e sem osteoporose, andam preocupadas com a perda potencial de massa óssea, e tomam precauções para aumentar a resistência dos seus ossos. O medo da insuficiência de cálcio tornou-se numa obsessão nacional.
Como o osso é composto em grande parte por cálcio, parece lógico vincular a ingestão deste mineral à saúde dos ossos. As mulheres ocidentais são hoje encorajadas a consumir pelo menos 1.000 a 1.500 mg de cálcio por dia. No entanto, é curioso que os dados de outras culturas mostrem claramente que, em países menos desenvolvidos, onde as pessoas consomem pouco ou nenhum lacticínio e ingerem menos cálcio no total, há taxas muito mais baixas de osteoporose.
A saúde dos ossos é um processo complexo onde outros factores, para além da quantidade de cálcio, estão envolvidos.
Os ossos são afectados pelo consumo de substâncias potencialmente prejudiciais como o excesso de proteínas, o sal, a gordura saturada e o açúcar; pelo uso de algumas drogas, álcool, cafeína e tabaco; pelo nível de exercícios físicos; pela exposição ao sol; pela remoção dos ovários e do útero; e muitos outros.
O corpo só usa os sais minerais quando estão no equilíbrio correcto. Por exemplo, mulheres jovens que consomem dietas ricas em carne, refrigerantes e alimentos industrializados com alto teor de fósforo, apresentam perdas alarmantes de massa óssea. A proporção elevada de fósforo em relação ao cálcio provocará a retirada de cálcio dos ossos para compensar.
Uma prioridade máxima do nosso corpo é manter o equilíbrio apropriado entre ácidos e bases no sangue. Uma dieta rica em proteínas, provenientes da carne e dos laticínios, apresenta alto risco de osteoporose porque torna o sangue muito ácido. O cálcio, então, precisa ser extraído dos ossos para restaurar o equilíbrio correcto. Como o cálcio do sangue é usado por todas as células do corpo para manter sua integridade, o organismo sacrifica o dos ossos para manter a homeostase.
Este é um dos motivos porque os vegetarianos podem manter boas reservas de cálcio com uma dieta sem lacticínios.
Nível de absorção de cálcio de alimentos:
- Vegetais de folha verde-escuros (brócolos, couve-de-bruxelas, repolho, e couve-portuguesa, couve em geral, nabiça, etc.): 50-70%
- Leite: 32%
- Amêndoas: 21%
- Feijões: 17%
- Espinafre cozido: 5%
O papel da proteína
O excesso de proteína animal (carne, aves, peixe e ovos) provoca a excreção de cálcio pela urina. Uma pessoa que segue uma dieta que não inclui proteína animal pode ter menor necessidade de cálcio. Por exemplo, um vegano que consuma uma dieta pobre em proteínas e sódio pode precisar apenas de 500 mg de cálcio por dia. Quem consome uma dieta rica em proteínas e sódio pode precisar de até 2000 mg de cálcio por dia.
Sódio
1000 mg de sódio fazem com que 20 mg a 40 mg de cálcio se percam pela urina. Esta quantidade pode parecer pequena, mas uma pessoa consome, em média, 3000 mg a 4000 mg de sódio por dia.
Em média, precisamos apenas de 1800 mg de sódio por dia. Por isso o consumo de sal deve ser reduzido, assim como de alimentos industrializados.
Qualidade versus quantidade
O cálcio da couve, da couve-chinesa, dos brócolos e de outras verduras, assim como o do tofu (enriquecido com sulfato de cálcio ou cloreto de cálcio) tem uma taxa de absorção igual ou maior do que o do leite.
Vegetais com alto teor de oxalatos, como o espinafre, folhas de beterraba e ruibarbo, reduzem a absorção de cálcio. No entanto, esses vegetais são a excepção, e não a norma.
Leguminosas comuns, como grão-de-bico e feijões, contêm oxalatos e fitatos que interferem com a absorção de cálcio. Na verdade, a quantidade de cálcio absorvida destes grãos é metade da que se obtém de verduras verdes. Embora os feijões tenham pouco cálcio, são óptima fonte de proteína, zinco, ferro e fibras.
Alimentos ricos em cálcio
Normalmente, 4 a 6 porções por dia de qualquer um dos alimentos listados abaixo fornecerão uma quantidade adequada de cálcio de fácil absorção. No entanto, adolescentes e mulheres grávidas ou em lactação deveriam ingerir 6 a 8 porções.
- Amêndoas (1/3 de chávena): 50 mg
- Melado escuro (1 colher de sopa): 137 mg
- Alga hijiki seca (1/4 de chávena): 162 mg
- Hummus (pasta árabe de grão de bico) (1/2 chávena): 81 mg
- Quinoa (1 chávena): 50 mg
- Tahina (pasta de sementes de sésamo) (2 colheres de sopa): 128 mg
- Tofu com cálcio (1/4 de chávena): 430 mg
- Alga wakame seca (1/4 de chávena): 104 mg
Inserido em: 2003-02-14 Última actualização: 2016-06-07
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"Existem muitos alimentos, além dos lacticínios, com capacidade de prender o cálcio aos ossos." Pelos vistos os lacticínios não têm essa capacidade.
[Por: @ 2013-08-14, 05:37 | Responder | Imprimir ](Por: Andre Correia)
> "Existem muitos alimentos, além dos lacticínios, com capacidade de prender
[Por: @ 2014-10-04, 10:29 | Responder | Imprimir ]> o cálcio aos ossos." Pelos vistos os lacticínios não têm essa capacidade.
> (Por: Andre Correia)
O nível de absorção de cálcio provenientes do leite e lacticínios a nível do intestino é mínima.
E a própria frase "capacidade de prender cálcio aos ossos" é ridícula, os alimentos não têm capacidade de coisíssima nenhuma. Servem como fonte de iões que ajudam a regular os sistemas que tiram e dão cálcio e fosfato aos ossos.
(Por: Lúcia Mamede)