Nas crianças, a hiperactividade, a falta de atenção, a dislexia e o comportamento anti-social ou agressivo podem ser manifestações do que elas comem, defende o britânico Neil Ward, do departamento de Química da Universidade de Surrey.
Segundo o investigador, algumas crianças podem reagir aos aditivos, conservantes e corantes que se encontram nos produtos alimentares, o que causa alguns problemas comportamentais.
Ward acompanhou vários grupos de crianças nas escolas com o objectivo de descobrir se os distúrbios de comportamento relacionados com químicos se registam em grupos isolados ou se todas as crianças estão em risco.
Descobriu que alguns corantes podem levar a reacções adversas 30 minutos após o seu consumo, tendo identificado como principais culpados os metais tóxicos, como o chumbo e o alumínio, e os corantes alimentares. As reacções a esses químicos incluem perturbações comportamentais ou físicas, como urticária ou cansaço.
No entanto, descobrir uma ligação directa entre certos químicos e problemas de saúde pode ser uma tarefa complicada. São necessários dados científicos para provar que alguns químicos podem causar problemas comportamentais, mas por enquanto cabe apenas aos cientistas provarem isso mesmo.
As companhias farmacêuticas, por exemplo, são obrigadas por lei a realizarem testes minuciosos aos seus produtos antes de os comercializarem, comprovando que o seu uso é seguro, mas o mesmo não acontece com os fabricantes de produtores alimentares.
No Reino Unido, a comida para crianças está regulamentada apenas até à idade de um ano, desaparecendo a partir daí. Os fabricantes de comida dirigem muitas vezes os seus produtos a grupos específicos, incluindo mulheres grávidas, no entanto, não são obrigados a fornecer dados científicos que atestem que tais alimentos são adequados a esses grupos.
Ao longo dos últimos anos tem-se registado um aumento da obesidade em crianças.
Muitas vezes, nas escolas, as crianças estão sob a pressão dos colegas para ingerirem determinados produtos e por isso, tendem a comer produtos com demasiado açúcar, que muitas vezes também contêm químicos “maus”.
É ainda de destacar que, muitas vezes, os consumidores não compreendem a informação contida nos rótulos da comida. É muito importante que as crianças, mas também os pais, sejam encorajados a aprender mais sobre a comida que escolhem para consumir, como ela deve ser armazenada e cozinhada para fornecer um valor nutricional adequado à sua dieta.