De acordo com um estudo feito à escala mundial para a associação WWF (World Wildlife Fund), mais de 300 mil baleias, golfinhos e botos morrem todos os anos nas redes de pesca. A maioria dos animais presos nestas armadilhas submarinas morrem por afogamento, porque não conseguem vir à superfície respirar.
"A cada dez minutos, uma baleia morre de uma forma cruel e absurda", afirmou Volker Holmes, especialista em mamíferos marinhos da WWF.
Segundo os ambientalistas, o "bycatch" (pesca não selectiva que consiste na captura de uma espécie quando se tenta apanhar outras) é a maior ameaça à sobrevivência das cerca de 80 espécies de cetáceos existentes no planeta. Os quilómetros e quilómetros de redes espalhadas por todos os oceanos são invisíveis e indetectáveis pelos radares dos cetáceos. Apenas as grandes baleias conseguem escapar à morte por afogamento mas, quando fogem, levam, agarradas aos corpo, restos da rede onde caíram, o que lhes provoca grandes feridas, pode impedir os movimentos e condená-las a uma morte lenta.
O "bycatch" é um problema que afecta centenas de espécies marinhas, mas ainda não foram tomadas medidas sérias para o resolver, com a excepção de alguns países. Além disso, pouco se sabe sobre os números reais da quantidade de animais mortos desta forma. No caso dos cetáceos as consequências tomam grandes proporções.
"Algumas espécies podem desaparecer nas próximas décadas se não forem encontradas soluções", adverte o chefe da equipa de investigação, Andy Read. Por isso, os ambientalistas exigem que a CBI tome medidas, através da aprovação de uma resolução sobre este problema, de forma a que o "bycatch" seja considerado uma prioridade e que os governos comecem a apoiar a investigação e as estratégias para impedir que os cetáceos continuem a morrer nas redes de pesca.
Entre as espécies mais ameaçadas estão as Vaquitas (boto), que vivem apenas nas águas do Golfo do México e actualmente contam apenas com 500 exemplares. Os cientistas estimam que 15% desta população animal morra todos os anos nas redes. Outra espécie também bastante ameaçada é a dos golfinhos Maui, da Nova Zelândia, onde restam somente 100 exemplares, e os do rio Irrawaddy, que nas Filipinas estão reduzidos a 70 indivíduos. O baiji, um golfinho raro encontrado apenas no rio Yangtze (China), pode desaparecer em menos de dez anos, caso os métodos de pesca na região não sejam alterados. De acordo com levantamentos feitos em 1985 e 1986, a população do baiji Lipotes vexillifer era formada por 300 animais. Entre 1997 e 1999 um levantamento revelou que o número real era de 21 ou 23 golfinhos. Actualmente, são menos de dez os exemplares que vivem no rio.
As redes de cerco e de arrasto são algumas das principais causas pela morte dos cetáceos. A WWF propõe algumas soluções, como, por exemplo, a colocação de alertas acústicos nas redes que permitam que os mamíferos marinhos evitem estas armadilhas. Existem já várias técnicas que podem impedir que esta mortandade atinja maiores proporções. Os ambientalistas advertem, no entanto, que para que as soluções sejam efectivas é essencial a colaboração dos pescadores, uma vez que estes podem ajudar na descoberta de novos métodos para evitar que os cetáceos fiquem presos nas redes.
As soluções para combater o `bycatch` já existem, mas para enfrentar o problema à escala global é necessária vontade política, mais fundos para a investigação e também poder contar com o apoio dos pescadores, de forma a que as baleias e os golfinhos continuem a mergulhar nos nossos mares.
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