Linda Louise Eastman nasceu a 24 de Setembro de 1941 em Scarsdale, Nova Iorque. Filha de Lee Eastman (um proeminente advogado) e de Louise Eastman (proveniente de uma família rica de Cleaveland, os “Linders”, donos de uma grande cadeia de lojas). Cresceu em Murray Hill, Westchester County, em Nova Iorque, juntamente com as suas duas irmãs e o seu irmão.
Começou a estudar na ”Fox Meadow School” e alguns anos depois mudou-se para o liceu de Scarsdale, seguindo depois para a “Sarah Lawrence School” em Bronxville (onde já estudara também Yoko Ono).
Mais tarde estudou História da Arte na Universidade do Arizona. Aqui obtém um curso de fotografia administrado por Azel Archer no Tucson Art Center. Foi então a partir desta altura que começou a fotografar; ela costumava dizer “Arizona opened my eyes to the wonder of light and colour” (Arizona abriu-me os olhos ao mundo da luz e da cor).
Aos 19 anos, estudante em Arizona, Linda viu o seu mundo subitamente destroçado. A sua mãe Louise falecera num acidente de avião. Este trágico acontecimento afectou-a tanto que apressou o casamento com Melvin, estudante de Geofísica. O casamento durou pouco tempo e dele nasceu Heather, sua primeira filha. O divórcio ocorreu sem quaisquer problemas. Muitos anos mais tarde, em Março de 2000, Melvin, com 62 anos, suicidou-se.
O pai de Linda, Lee Eastman morreu em 1991.
Depois do divórcio Linda mudou-se para o centro de Nova Iorque e aceitou o emprego de recepcionista para a revista “Town and Country Magazine”.
Mais tarde, surgiu-lhe a oportunidade de fotografar os Rolling Stones e a partir deste trabalho a sua carreira como fotógrafa não parou de evoluir. Tornou-se uma das fotógrafas femininas mais conceituadas no mundo do rock, e o seu estilo foi aclamado pela crítica como temperamental e impertinente.
Linda conheceu estrelas de rock tais como Mick Jagger, Jim Morrison, Jimi Hendrix, Steve Winwood, Eric Burdon e Neil Young. Esteve envolvida amorosamente com Warren Beatty (o relacionamento, porém, foi muito breve), o que aconteceu pouco tempo antes de ter conhecido o amor de sua vida - Paul McCartney. A sua carreira como fotógrafa continuou e Linda, agora envolvida com Paul, tirou bastantes fotografias dos Beatles.
A 12 de Março de 1969 Linda e Paul casaram-se, “partindo o coração” a uma inteira geração de raparigas fãs do menino bonito dos Beatles. Por esta altura Linda já estava grávida de quase três meses da primeira filha do casal, Mary. Alguns anos mais tarde nasceram os seus outros dois filhos, Stella e James.
Certo dia, casados e com os seus vinte e poucos anos, Linda e Paul estavam a comer carne de cordeiro quando viram dois outros cordeirinhos a pastar num prado. Sem palavras, olharam um para o outro e instantaneamente deixaram aquilo que estavam a comer. A partir de então nunca mais voltaram a consumir cadáveres de animais. Foram apelidados de excêntricos, malucos, esquisitos. Ela contou que não houve quase nenhum insulto que não se lhes tivesse sido dirigido, só por terem uma alimentação diferente da maioria das pessoas. Para Linda McCartney o que mais lhe importava para além da família era a sua paixão/missão de espalhar a palavra começada por V, visto muitas vidas dependerem dela.
Linda McCartney afirmava que muita gente encarava o vegetarianismo como uma espécie de culto místico sem qualquer fundamento, como se os vegetarianos não fossem muito bons da cabeça. E que basta sair um pouco fora dos limites do convencional e é melhor estar preparado para ouvir certas coisas, porque as pessoas gostam de um certo nível de conforto e tudo o que implica mudança é sempre visto como um desafio. Mas algum tempo mais tarde as provocações começaram a cessar e as pessoas passaram a ouvir os “maluquinhos” dos vegetarianos com algumas bases científicas, medicinais e económicas. Finalmente, tomaram algum interesse por esta filosofia de vida e os discípulos do tradicionalismo começaram então a ver que ser vegetariano fazia sentido.
Linda foi uma pessoa que esteve sempre atenta a tudo o que estivesse relacionado com o vegetarianismo, e como tal estava a par de todas as investigações e estudos médicos realizados nessa direcção; estava igualmente a par dos passos ambientalistas mais significantes e fazia o possível para os apoiar.
Vegetariana e amante fervorosa dos animais, Linda contribuiu bastante para ajudar as causas “Lynx - organização britânica anti-peles” e a “PETA” (People For The Ethical Treatment of Animals). Também trabalhou extensivamente para o “The Council For The Protection of Rural England” (Concelho de Protecção da Inglaterra Rural) e para o “Friends Of The Earth” (Amigos da Terra), de modo a alertar para os perigos ambientais.
A coragem que demonstrou a lutar pelo vegetarianismo e pelo bem-estar dos animais foi inacreditável. Quantas mulheres é que se encarregariam, sozinhas, de enfrentar inimigos como os produtores de carne e de gado, arriscando a serem ridicularizadas, e mesmo assim sucedendo?
Quem não teve o privilégio de a conhecer bem, por ser uma pessoa muito privada, apenas conseguiu ver a ponta do iceberg. Para Paul McCartney ela era a mulher mais amável e inocente que ele alguma vez conheceu e teve a honra de ser seu amigo e amante durante 30 anos.
Todos os animais eram para Linda personagens da Disney, merecedores de muito amor e respeito. Era uma mulher muito corajosa e nunca se importou com aquilo que os outros poderiam achar ou dizer dela. Linda nunca se deixou impressionar pelo facto de ser a “Lady McCartney”. Quando alguém lhe perguntava se as pessoas a tratavam por Lady McCartney, ela sempre dizia “alguém uma vez o fez - penso eu”.
Em 1989 Linda publicou o seu próprio guia de cozinha vegetariana - Linda McCartney’s Home Cooking. O livro tornou-se um best-seller entre os de culinária vegetariana, tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos; com mais de 250.000 cópias vendidas.
Desde a publicação do seu primeiro livro, Linda tornou-se mais focada por parte da imprensa e media, as quais a consideraram a mais importante personalidade vegetariana do Reino Unido.
Na Primavera de 1991, Linda lançou o seu próprio negócio de refeições vegetarianas (rápidas de preparar); o qual se tornou num grande sucesso no Reino Unido – com cerca de 5 milhões de refeições consumidas até Setembro de 91.
O negócio de comida vegetariana de Linda McCartney foi tão bem sucedido no Reino Unido que as suas refeições são hoje em dia parte do menu do muito famoso “Hard Rock Cafe” de Londres.
A Linda mudou sem dúvida a imagem do vegetarianismo, introduzindo a comida vegetariana em supermercados e desenvolvendo produtos vegetarianos que tanto eram apreciados por vegetarianos como por omnívoros.
O tributo que ela mais gostaria de ver realizado, portanto, era que cada vez mais pessoas se tornassem vegetarianas, o que, com a variedade e qualidade de alimentos que existem actualmente, é muito mais fácil de por em prática. Ela entrou no comércio/negócio relativo à alimentação com um único objectivo - salvar os animais do tratamento cruel que a sociedade e tradições lhes impõem e infligem.
Alguém muito pouco provável de se tornar uma mulher de negócios era Linda, mas mesmo assim ela trabalhava incansavelmente pelos direitos dos animais e tornou-se um ícone do regime vegetariano. Quando certa vez lhe disseram que uma firma rival tinha copiado um dos seus produtos, ela declarou ”óptimo, já me posso reformar!”. Linda não o fazia pelo dinheiro.
Sempre que podia, Linda fazia uma declaração ao mundo acerca do vegetarianismo. Chegou mesmo a dar a voz num episódio dos Simpsons, com a condição de que a personagem Lisa se tornasse uma vegetariana fervorosa, com a ajuda de Linda e Paul McCartney.
Ela tinha tudo: uma família vegetariana feliz, um negócio de comida vegetariana de 50 milhões de dólares, 3 livros de culinária dos quais era autora e dinheiro para mandar para a Bósnia juntamente com 1 milhão de refeições vegetarianas. Mas mesmo assim não conseguia descansar totalmente à noite. Uma vez afirmou publicamente que à noite pensava em todos os animais sujeitos a serem massacrados e assassinados e não conseguia dormir.
Linda influenciou os restantes Beatles para que não voltassem a comer cadáveres de animais. Juntamente com Paul participou em campanhas para promover o vegetarianismo durante 25 anos, desde o dia em que pararam de comer animais mortos. Para Linda o vegetarianismo era uma missão, e como tal apelava às pessoas para se tornarem vegetarianas e influenciarem outras a tornarem-se também.
Em 1998, alguns meses antes do seu falecimento, Linda decidiu patrocinar uma equipa de ciclismo com o nome "Linda McCartney`s On Tour Pro Cycle Team". A dieta dos ciclistas baseava-se em produtos vegetarianos (naturalmente, da marca McCartney`s). A equipa desfez-se em Janeiro de 2001. Mas durante os seus três anos de existência participou na maioria das corridas europeias, e inclusive noutros campeonatos importantes como o Jacob`s Creek Tour de Austrália, obtendo importantes classificações.
Quando Linda McCartney morreu, a 17 de Abril de 1998, deixou uma verdadeira e profunda dor a Paul McCartney e ao resto da sua família. Os dois anos anteriores que passaram a lutar contra a o doença de Linda (cancro da mama) foram um pesadelo. Paul McCartney disse que Linda foi e sempre será o amor da sua vida.
Linda pediu a Paul para cuidar bem dos seus filhos, pois o seu maior desejo era que eles crescessem e se tornassem pessoas bondosas, o que aconteceu!
Antes de Linda morrer Paul disse-lhe: “Tu vais montada num lindo cavalo Appaloosa; está um maravilhoso dia de Primavera, nós vamos a cavalgar por entre os bosques. As flores estão todas a desabrochar e o céu está de um azul límpido”. Mal ele acabou a frase, Linda fechou os olhos e suavemente adormeceu para sempre.
No seu leito de morte, partiu rapidamente e sem muito sofrimento, sabendo que estava rodeada das pessoas que mais a amavam. Paul McCartney e as crianças estavam presentes no momento da sua ida. Todos puderam dizer-lhe o quanto a adoravam.
Em honra a uma contribuição muito significativa que Linda havia feito pela causa vegetariana, a União Vegetariana Internacional premiou-a com o Troféu Mankar em Dezembro de 1999. O seu marido, Sir Paul McCartney, aceitou orgulhosamente o troféu original, juntamente com a réplica com a qual viria a ficar.
Linda McCartney foi autora de 3 livros de cozinha vegetariana, a partir dos quais introduziu no mercado uma linha de refeições vegetarianas congeladas. Escreveu vários artigos para diversas revistas, acerca dos seus princípios vegetarianos, foi fotógrafa, activista na defesa dos direitos dos animais, esposa de Paul McCartney (o famoso Beatle) e uma mãe extremamente dedicada e carinhosa. Para além duma mulher extremamente corajosa!
Ela era única e o mundo é agora um lugar melhor por tê-la conhecido.
A sua mensagem de amor vai viver nos nossos corações para sempre.
“Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos. Nós sentir-nos-emos melhores connosco e melhores com os animais, sabendo que não estamos a contribuir para o sofrimento deles.”
Paul e Linda McCartney
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