A propósito do destino a dar às farinhas das vacas loucas, publicou um semanário no dia 23/Dez um artigo apresentando as dificuldades do Governo em encontrar uma solução.
Começa por citar uma opinião de um médico veterinário, que afirmou que «estes materiais de risco representam um grau de perigosidade elevado para a saúde pública».
Como é conhecido, quando se levantou o problema da Encefalopatia Espongiforme bovina (BSE), a primeira decisão foi a da eliminação dos bovinos e de seguida o que fazer às carcaças.
Quanto ao abate dos bovinos não houve grande contestação, uma vez que se propuseram compensações, mas quanto ao destino das carcaças criou-se um conflito entre ambientalistas e técnicos da saúde pública.
Em Inglaterra, onde o problema teve início e atingiu um grande volume, optaram por abrir valas em campos afastados das povoações, enchê-las com as carcaças, regar com petróleo e deixar arder para no final tapar com a terra retirada da abertura das valas.
Uma vala a arder levava 2 ou 3 dias, com libertação de fumos e cheiros, mas o problema ficou resolvido.
Por cá, o problema foi dividido em vários capítulos procurando satisfazer gregos e troianos. Assim, para evitar contágios (?) e aproveitar instalações existentes procedeu-se à farinação das carcaças. Por um lado havia desinfecção e esterilização, e por outro a farinha resultante é de fácil armazenagem e sem perigos imediatos.
Aparentemente, tudo bem. Só que a longo prazo as farinhas alteram-se e os problemas que aparecem são devidos ao apodrecimento da farinha, aos cheiros, aos ratos e à falta de espaço. Na falta de solução continua-se a produção diária de 150T e o seu armazenamento.
Entretanto fizeram-se experiências. As experiências de queima na Valor Sul e na Lipor não resultaram, porque as fornalhas não são próprias para queimar estes produtos com grandes quantidades de gorduras, sem previamente serem tratados.
Falou-se em usar a co-incineração, mas não foi sequer experimentada, porque não seria tecnicamente indicada, e por outro lado havia a oposição à co-incineração.
Trata-se de queimar um produto que pode arder, mas não é tecnicamente um combustível industrial.
Por outro lado, o problema tem sido empurrado do ministério da Agricultura para o do Ambiente e vice-versa.
Pode-se encarar o problema da seguinte forma:
1) Não temos nenhuma central de incineração dedicada aplicável e suficiente para resolver o problema.
2) Teremos de adoptar o processo alternativo há muito usado com produtos similares: Dosear farinha com desperdícios de madeira nas proporções que permitam queimar em fornalhas normais.
3) Também se pode pôr a hipótese de primeiro extrair a gordura e depois queimar em separado gordura e restante residual.
O Estado gasta 50 milhões de euros anualmente com a gestão destes resíduos, embora não instale uma incineradora dedicada que serviria para estes resíduos e muitos outros que também são armazenados à espera de tratamento.
O que já se gastou seria suficiente para comprar várias incineradoras dedicadas com equipamento do mais moderno que se fabrica.
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