Num circo, não obstante o carácter dinâmico e aligeirado que se tenta transmitir, a preparação do espectáculo é atempada e bem mais longa do que se julga. Começa com a captura do animal, e o período que se lhe segue com uma alimentação mínima para manutenção da sua vida. Depois seguem-se os treinos, sempre baseados na dicotomia castigo/recompensa, mas essencialmente no condicionamento através da dor.
Na verdade, aquele que é considerado o maior espectáculo do Mundo tem por base o medo, a tortura e a anulação dos instintos. São feras amansadas, transformadas em servis bajuladores.
Circo deriva do latim circus, que significa círculo ou oval, mas a origem do circo perde-se no tempo. Há quem defenda que teve início em Roma no famoso Maximus, onde era vivido como uma festa religiosa ao ar livre. Também há quem defenda que teve o seu início em 2000 a.C., na dinastia Han, na China, ou até mesmo em movimentos de saltimbancos na Idade Média.
Actualmente associa-se a palavra circo a algodão doce, a pipocas, ilusionistas, malabaristas, trapezistas, acrobatas, equilibristas, contorcionistas, palhaços e domadores de animais.
É vulgar encontrarem-se elefantes, ursos, cobras, macacos, araras, papagaios, cavalos, girafas, zebras, póneis e alguns felinos. É no circo que aparece o tigre que salta um arco em chamas, o elefante que sobe o banco, o urso que dança, a arara que anda de bicicleta, etc.
Mas o urso que dança é um animal traumatizado, que ao ouvir de novo a música que tantas vezes ouviu enquanto estava sobre chapas metálicas incandescentes que o faziam levantar as patas, não hesita em levantá-las de novo sempre que ouve essa música.
Os leões que tanto respeitam o domador só pelo estalar do chicote, têm bem presente as reais chicotadas que levaram durante os ensaios.
Os elefantes que parecem tão obedientes, na verdade respeitam o instrumento pontiagudo que o seu domador tem nas mãos e que tantas vezes usou para lhe picar as partes mais sensíveis.
Um treinador de circo consegue manter um elefante aprisionado porque usa um truque muito simples: quando o animal é criança amarra uma das suas patas num tronco muito forte. Por mais que tente, o pequeno elefante não consegue soltar-se. Com o tempo, o animal habitua-se à ideia de que o tronco é mais poderoso que ele. Quando adulto, e dono de uma força descomunal, basta colocar uma corda no pé do elefante e amarrá-la num graveto que ele nem tenta libertar-se, pois lembra-se que já tentou muitas vezes e nunca conseguiu.
No seu habitat natural os ursos não andam de bicicleta, os tigres não passam por arcos em fogo, os elefantes não se põem de pé. Os animais usados no circo vivem uma vida de dominação, prisão e treinos violentos. São privados das suas necessidades básicas de exercício e socialização, a que estão habituados no seu habitat.
Depois do espectáculo são confinados a minúsculas celas onde mal se podem virar, e onde ficam sujeitos às variações da temperatura, à fome e à sede e a todas as doenças provocadas pela falta de higiene. Quando não estão em serviço são por vezes evidentes os sinais das drogas, a falta de cuidados veterinários e as condições terríveis em que sobrevivem.
Estas feras acabam por exibir comportamentos que manifestam grandes traumas e graves descompensações. É vulgar vê-los insistentemente a roer e a lamber as barras metálicas das suas celas, em movimentos oscilatórios de avanço e recuo que chegam a durar horas, a rodar de forma descoordenada o pescoço, vomitar, andar em círculos, comer os próprios excrementos, rosnar em excesso, a arrancar o próprio pêlo ou até mesmo a mutilarem-se a si próprios.
Em todo o caso o circo não tem de ser sinónimo de subjugação de animais. Existe já uma nova tendência, sem animais, que faz uso do teatro, da música e da dança. Este tipo de circo está a ter grande aceitação e vem acelerar o processo de desinteresse que já se denota pelo circo convencional. Países como a Finlândia, a Dinamarca, a Suécia e a Suíça, não permitindo a violação dos direitos dos animais, não autorizam circos que deles façam uso.
Referências:
http://ge.aac.uc.pt
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