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Soneto à maneira de Camões


Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é o tormento.

Mas como usar amor de entendimento?
Daquilo que te peço desespero
Ainda que m`o dês - pois o que eu quero
Ninguém o dá senão por um momento.

Mas como és belo, amor, de não durares,
De ser tão breve e fundo o teu engano,
E de eu te possuir sem tu te dares.

Amor perfeito dado a um ser humano:
Também morre o florir de mil pomares
E se quebram as ondas do oceano.

(Antologia. 1975)



Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/literatura/index.php?article_id=184&print=1

Inserido em: 2003-01-02 Última actualização: 2009-11-11

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Temas > Amor
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Autores > Sophia de Mello Breyner





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