Fome da minha fome,
sede da minha sede,
grito que no meu ecoa,
alma que sonhei,
ou vi.
És tu, senhora, a razão de tudo existir.
E mesmo morrendo,
és tu ainda o motivo.
Triste o destino de um País.
Que não tem filhos e perdeu os pais.
E que ao jugo de negros destinos.
Já não canta seus hinos.
Ao seguir os gritos de igualdade.
Que somente fecundaram deslealdade
E um fosso abissal, entre a Nação e os políticos.
Que sem quaisquer preceitos éticos.
Criaram em Portugal abismal fosso de desigualdade.
Num viver sem política nacionalidade.
Um povo imbecilizado e resignado,
humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo,
burro de carga,
besta de nora,
aguentando pauladas,
sacos de vergonhas,
feixes de misérias,
sem uma rebelião,
Se fosse animal
seria natural
seria espontâneo
viveria o presente
seria sempre inocente
Se fosse animal
não saberia o que é o mal
não viveria em sociedade
seria fiel aos sentimentos
não faria julgamentos
Na luz do seu olhar tão lânguido, tão doce,
Havia o que quer que fosse
Dum íntimo desgosto:
Era um cão ordinário, um pobre cão vadio
Que não tinha coleira e não pagava imposto.
Acostumado ao vento e acostumado ao frio,
Percorria de noite os bairros da miséria
À busca dum jantar.
E ao ver surgir da lua a palidez etérea,
O velho cão uivava uma canção funérea,
Triste como a tristeza oceânica do mar.
Quando a chuva era grande e o frio inclemente,
Ele ia-se abrigar às vezes nos portais;
E mandando-o partir, partia humildemente,
Com a resignação nos olhos virginais.
Era tranquilo e bom como as pombinhas mansas;
Nunca ladrou dum pobre à capa esfarrapada:
E, como não mordia as tímidas crianças,
As crianças então corriam-no a pedrada.
Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
O teu espírito vive nos nossos corações
a tua doce recordação...
Não quero lutar mais
Mas sou uma máquina rugidora.
As minhas cicatrizes de batalha amontoam-se umas sobre as outras
Eles não me deixarão escapar.
Avançando sobre o gelo como comboios no seu rasto assassino
Numa missão directamente do Inferno.
Corações enegrecidos que vertem sangue
Deixando corpos como invólucros despedaçados.
Filados em todas as criaturas vivas
Não sobra nada até eles partirem
Olhos arrancados às suas feições celestiais
A beleza perdida na descrença...
Sou teu amigo, sou teu guerreiro
Corro as tuas corridas, percorro as tuas milhas
Nunca desisto, sob a tempestade,
Agora preciso de ti, para partilhar as minhas provações
Quando escapar com vida, vou trepar às árvores
E balançar-me-ei nos ramos tal como as águias voam
Quando escapar com vida...
Quando escapar com vida, vou correr como o vento
e mostrarei ao meu senhor que o amo...
Quando escapar com vida...
(Dedicado à Mercy)
Ficas a pensar porquê e como
Algumas pessoas são tão más
Elas magoam almas indefesas
Os seus corações são de pedra, oh Mercy
Eu sou o dono, o dono deste casaco
Olhos castanhos, pequeno
Sem esperança,
Em breve morrerei, em breve chorarei
Só para que possas usar, todo orgulhoso, a minha pele
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis
Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.
O que não pode ser dito
guarda um silêncio
feito de primeiras palavras
diante do poema, que chega sempre demasiadamente tarde,
quando já a incerteza
e o medo se consomem
em metros alexandrinos.
Sobre a superfície cinzenta do mar,
O vento reúne
Pesadas nuvens.
Semelhante a um raio negro,
Entre as nuvens e o mar,
Paira orgulhoso o albatroz,
Mensageiro da tempestade.
Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.
Tempo de solidão e de incerteza
Tempo de medo e tempo de traição
Tempo de injustiça e de vileza
Tempo de negação
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei
Pois que a língua que falo é doutra raça.
Palavras consumidas se acumulam
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Surdo, subterrâneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
Com pesos duvidosos me sujeito
A balança até hoje recusada
É tempo de saber o que mais vale:
se julgar, assistir ou ser julgado.
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
Sou o único homem a bordo do meu barco.
Os outros são monstros que não falam,
Tigres e ursos que amarrei aos remos,
E o meu desprezo reina sobre o mar.
Agora é diferente
Tenho o teu nome o teu cheiro
A minha roupa de repente
ficou com o teu cheiro
Agora estamos misturados
No meio de nós já não cabe o amor
Já não arranjamos
lugar para o amor
Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta - por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
Põe-me as mãos nos ombros…
Beija-me na fronte…
Minha vida é escombros
A minha alma insone.
Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Este vento escuro
que penetra a minha mente
É denso como um muro
Faz-me ficar doente
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Quando os olhos se abrem,
É pela primeira vez
O olhar desvenda
Os olhos abrem-se,
Revelam uma consciência
A traição persegue-me, qual rastilho infindável...
Por quanto tempo ainda mais resta
Para que chegue ao seu destino inevitável?
E expluda até mais não, e marque, e deixe a sua dor...
Eu não sei onde estou
Eu estou preso
Porque estou aqui?
Porque estou sozinho?
Quem não ama não tem alma,
Mas quem tem alma nem sempre ama.
Mas amor, mais valia estar calma
Do que insegura na vida que ama!
Também eu ceei com os doze naquela ceia
em que eles comeram e beberam o décimo-terceiro.
A ceia fui eu, e o servo; e o que saiu a meio;
e o que inclinou a cabeça no Meu peito.
Voa, pássaro, voa...
Acima de todo o horizonte...
Em todo o teu esplendor, perdoa...
Quando, de quando em vez, te tiram a fonte!
Pensar de pernas para o ar
é uma grande maneira de pensar
com toda a gente a pensar como toda a gente
ninguém pensava nada diferente
P`ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Uma vontade que vem de dentro
que só pode ser saciada com uma união.
O que é de fora
mas se desenvolve por dentro
Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Aqui, diante de mim,
Eu, pecador, me confesso
De ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
Que vão em leme da nau
Nesta deriva em que vou.
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
Se a cada coisa que há um deus compete,
Por que não haverá de mim um deus?
Por que o não serei eu?
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
Sim, passava aqui frequentemente há vinte anos...
Nada está mudado - ou, pelo menos, não dou por isto -
Nesta localidade da cidade ...
O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem pra te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim pra te oferecer.
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Como é por dentro outra pessoa
Quem é que o saberá sonhar?
A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.
Mar alto! Ondas quebradas e vencidas
Num soluçar aflito e murmurado...
Voo de gaivotas, leve, imaculado,
Como neves nos píncaros nascidas!
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Ai que prazer
não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
Sonho. Não sei quem sou neste momento.
Durmo sentindo-me. Na hora calma
Meu pensamento esquece o pensamento,
Minha alma não tem alma.
Se existo é um erro eu o saber. Se acordo
Parece que erro. Sinto que não sei.
Nada quero nem tenho nem recordo.
Aprendi....
Que a melhor escola do mundo está nos pés dos mais velhos.
Aprendi....
Que quando se está apaixonado não dá para esconder.
Aprendi....
Que se apenas uma pessoa me disser "Você me fez ganhar o dia!", o meu dia está ganho.
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio, quem não se deixa ajudar.
Não pode Amor mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção o falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-me de luz o coração!
Frémito do meu corpo a procurar-te,
Febre das minhas mãos na tua pele
Que cheira a âmbar, a baunilha e a mel,
Doido anseio dos meus braços a abraçar-te,
Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.
O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo...
Por quem foi que me trocaram
Quando estava a olhar pra ti?
Pousa a tua mão na minha
E, sem me olhares, sorri.
Sorri do teu pensamento
Porque eu só quero pensar
Que é de mim que ele está feito
É que tens para mo dar.
És tu! És tu! Sempre vieste, enfim!
Oiço de novo o riso dos teus passos!
És tu que eu vejo a estender-me os braços
Que Deus criou pra me abraçar a mim!
Esperança e desespero de alimento
Me servem neste dia em que te espero
E já não sei se quero ou se não quero
Tão longe de razões é o tormento.
"...
Vede o grande no pequeno!
Vede o muito no pouco! (...)
Realizai o grande,
Amando o pequeno!
Vive a vida. Vive-a na rua
e no silêncio da tua biblioteca.
Vive-a com os outros, que são as únicas
pistas que tens para conhecer-te.
Num meio-dia de fim de primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Falar é completamente fácil,
quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes
o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer,
antes que a pessoa se vá.
Tudo é frio e gelado. O gume dum punhal
Não tem a lividez sinistra da montanha
Quando a noite a inunda dum manto sem igual
De neve branca e fria onde o luar se banha
O meu amor amor
é nobre nas atitudes generosas
na grandeza empenhada
é furtivo no olhar inesperado
na mágoa mórbida.
Foge doce inocência
vai-se como fragrância a irreverência
perde-se a alegria da liberdade
é tudo muito sério
(seja isso o que for)
e claro importante
solene oficial marcial.
"Não pode Amor mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção o falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Feiticeiro sem deuses, reconheço
O limite dos meus encantamentos
Só em raros momentos
De inspiração
Eu consigo o milagre dum poema,
Teorema
Indemonstrável pela multidão.
Cobras cegas são notívagas.
O orangotango é profundamente solitário.
Macacos também preferem o isolamento.
Certas árvores só frutificam de 25 em 25 anos.
Andorinhas copulam no vôo.
O mundo não é o que pensamos.
A inocente e pequena flor
crescia ousada teimosa solitária
na selva de betão
de tantos e tantos prédios
de tantos e tantos andares
de tantos e tantos automóveis
Recomeça...
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
DE TUDO, FICARAM TRÊS COISAS:
a certeza de que estamos sempre começando...
a certeza de que é preciso continuar...
a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar...
Encontrou-se a Caridade
Com o Orgulho, certo dia:
Subia o Orgulho uma escada,
E a Caridade descia:
De mais ninguém se não de ti, preciso:
Do teu sereno olhar, do teu sorriso,
Da tua mão pousada no meu ombro.
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
A palavra
tem toda a força que lhe queiram dar
não demora não estorva
dura um momento preenche silêncios
é meiga é cortante é até indiferente
Por um sonho
escalam-se montanhas,
esvaziam-se mares,
atravessam-se caminhos,
percorrem-se estradas.
Quando os ponteiros
deixam de avançar,
fazendo os relógios parar;
o mundo deixa de girar;
e a música faz-se ouvir.
O horizonte está distante.
O distante é sempre um sonho;
Sonho que só a aventura
e a coragem podem concretizar.
Alguém nos empurrava
e tudo era diferente.
Tudo à nossa volta girava.
Podíamos sonhar.
Voar por entre nuvens de algodão.
Ser ou não ser? – eis a questão
Questão complicada esta.
Ser o que os outros sonham.
Um mar de interrogações.
A buscas de respostas
para preencher o vazio do ser.
As palavras indecifráveis
como uma confusão da alma.
Tudo aconteceu...
E depois ficou o vazio do amor.
Um espaço vazio
que não se consegue ocupar.
Mesmo na escuridão
existem estrelas que brilham.
Mesmo quando tudo parece apagado
existem momentos suaves e de melodia.
Todos têm sorrisos,
só eu nenhum.
Todos festejam
alguma coisa.
Só eu não sei
que há para festejar.
Ser poeta é
transformar o mundo
num lugar mágico e misterioso,
repleto de segredos e tesouros.
Se homens com carne mortal precisam ser alimentados,
E mastigar com dentes sangrentos o pão que respira;
Sinto a tua falta
na mão que não aperto.
Procuro e não te encontro
no ombro que não me acolhe.
Queria fazer de ti
meu confidente
desnudar-me até à alma
de todas as partículas
que constituem o “eu”.
Caminhavas a meu lado.
Distraí-me a olhar as estrelas.
E por uns instantes
não te vi mais.
A meu lado corre um rio
calmo e transparente.
E que confusão dentro de mim!...