"Não pode Amor mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção o falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.
Busca no rosto a cor que mais o ajude
magoado parecer aos olhos pede,
pois quanto a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.
Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.
E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos e responde."
"Ao Luís Vaz, recordando o convívio da nossa mocidade"
(António Gedeão)
Inserido em: 2002-11-04 Última actualização: 2009-10-30