Não pode Amor...
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Não pode Amor...

Não pode Amor mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção o falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude
magoado parecer aos olhos pede,
pois quanto a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos e responde.


"Ao Luís Vaz, recordando o convívio da nossa mocidade"

(António Gedeão)



Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/literatura/Article-229-N-o-pode-Amor---.html

Inserido em: 2003-04-19 Última actualização: 2009-11-11

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