Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
(António Gedeão)
Inserido em: 2007-03-02 Última actualização: 2009-11-11
Parabéns ao Autor Antonio Gedeão!!
Linda a poesia Lágrima de Preta! Direta, coerente, precisa e inspirada.
Há muitos anos eu disse a alguém, que se considerava portador de "sangue azul", que se um dia ele precisasse de uma transfusão de sangue, fatalmente iria morrer, pois todos têm "sangue vermelho".
As lágrimas também não distinguem cor da pele nem status.
Um abraço.
(Por: )
comentario
esta de mais este poema, simplesmente adoreii toca-me de mais ..
[Por: @ 2008-11-12, 18:15 | Responder | Imprimir ]que contiinuem assim
beijo
(Por: Catrina)