Cão Como Nós é uma obra da autoria de Manuel Alegre e editada pela D. Quixote.
Um livro onde se contam episódios de confronto, mas também de cumplicidade, que o dono tinha com o seu cão. Passagens reais que se misturam com divagações e sonhos que Manuel Alegre vai tendo, depois da morte do seu cão, Kurika, um épagneul-breton. Momentos vividos com grande tensão entre os dois. Momentos que os foram juntando e também agravando a doença do animal.
A morte de Kurika é o momento chave da obra. A partir do qual, o autor exprime a tristeza provocada pela partida de alguém que nos é próximo mas a quem nem sempre damos a devida atenção.
"Nunca como então eu senti o cão tão perto de nós. Sem propriamente ter mudado de feitio, ele estava por assim dizer mais atencioso, seguia-nos pela casa toda, estava, como nós, à espera, como nós, digo bem, como se fosse um de nós. E tenho de reconhecer que era. Um grande chato, sim, um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós".
“Cão bonito, dizia eu, em momentos raros. E era um acontecimento lá em casa. Os filhos como que se reconciliavam comigo, minha mulher sorria, o cão começava por ficar surpreendido e depois reagia com excesso de euforia, o que por vezes me fazia arrepender da expressão carinhosa.
Cão bonito. E ei-lo aos pulos, a dar ao rabo, a correr a casa toda.
Digamos que aquele cão era quase um especialista nas relações com os humanos. Tinha o dom de agradar e de exasperar. Mas assim que eu dizia – Cão bonito – ele não resistia. Deixava-se dominar pela emoção, o que não era vulgar num cão que fazia o possível e o impossível para não o ser.”
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livro espectacular, recomendo a todos.
O cão era certamente como nós...
[Por: @ 2008-02-28, 16:10 | Responder | Imprimir ](Por: mafalda)