Até as crianças mais teimosas e esquisitas com a comida podem ser ensinadas a gostar de todos os tipos de alimentos, desde que sejam correctamente incentivadas.
Jane Wardle, psicóloga clínica da University College London, defendeu, durante uma conferência científica que as preferências alimentares não são herdadas e que os pais podem orientar as crianças a provar diferentes tipos de alimentos. "Quanto mais cedo uma comida for introduzida na dieta de um bebé, mais provável se torna que goste dela quando se tornar adulto", disse.
Normalmente os bebés começam a ingerir comida sólida quando têm entre quatro e seis meses de idade. Portanto, se lhes derem brócolos, espinafres e ervilhas logo nessa altura, aumentam-se as probabilidades de que gostem de vegetais à medida que vão crescendo", afirmou Wardle.
Para aquelas crianças que não gostam da aparência de alguns alimentos Wardle recomenda que lhes sejam dados a provar quantidades mínimas só na pontinha da língua, nos primeiros contactos com os alimentos. "São necessárias pelo menos dez provas para modificar o gosto das crianças. Mas, normalmente, os pais desistem logo após três tentativas", comentou.
Se os pais querem que os filhos provem ou comam determinado alimento, também não devem oferecer uma alternativa. Wardle lembra um exemplo eficaz: uma criança está mais propensa a comer uma maçã se esse é o único alimento disponível, mas provavelmente não a escolheria se uma barra de chocolate também fosse oferecida.
Esta investigadora realizou estudos sobre a forma como as crianças seleccionam os alimentos e afirma-se absolutamente contra o uso do suborno, defendendo ser uma estratégia que não funciona e que passa uma mensagem negativa à criança. Segundo Wardle, a exposição do alimento acompanhada com a promessa de uma recompensa apenas serve para diminuir o efeito da primeira. Em vez disso, os pais devem elogiar a criança por provar novos alimentos e ao mesmo tempo devem utilizar reforços positivos nesses momentos.
A educação para uma alimentação saudável e para a prática de uma dieta equilibrada deve começar cedo mas a promoção algo exagerada da "mensagem saudável" também tem um impacto negativo.
Num dos seus estudos, Wardle testou uma nova bebida com crianças em idade escolar e verificou que as que foram previamente informadas que aquela bebida era saudável eram menos propensas a dizer que gostavam da mesma e a pedir aos pais que a comprassem. Pelo contrário, as crianças que não foram informadas que a bebida fazia bem, pediam aos pais para a comprarem e mostraram-se muito receptivos ao seu sabor. Segundo a psicóloga, "as crianças aprendem que os pais só recorrem a uma história de saúde quando sabem que elas não querem comer o alimento e, portanto, isso tem um impacto negativo."