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O lixo tratado com bactérias

Na cidade de Belém, no Brasil, com uma população de 1,8 milhões de habitantes, verificou-se que a produção de lixo doméstico aumentou de 317.000 toneladas em 1996 para 420.000 toneladas em 2002, dando uma média de 233 kg/habitante/ano.
A população aumentou 19% no mesmo período em que a produção de lixo doméstico cresceu 32%.Verificou-se que 56% dos resíduos urbanos vão para lixeiras e só 44% de todo o lixo é depositado mais adequadamente em aterro sanitário controlado.
Recentemente foi instalado um novo sistema de tratamento com o emprego de bactérias. A mesma bactéria que ajuda na digestão dos animais ruminantes como o boi, vai ser usada no controlo do lixo doméstico.
Estas bactérias já são há muito usadas no tratamento dos esgotos de várias cidades, mas agora são injectadas no chorume e posteriormente no aterro, o que é uma novidade de tratamento.
Com o novo sistema, o lixo orgânico que levaria 20 anos para se tornar inerte levará apenas dois, dado que as bactérias reduzem o tempo de decomposição da matéria orgânica depositada no aterro.
A grande vantagem é que, desta forma, o município não vai precisar de novas áreas para armazenar o lixo doméstico. O lugar onde estão sendo depositados os resíduos será reutilizado em dois anos, quando o material terá perdido a sua carga de contaminação e poderá ser usado como aterro.
A inoculação das bactérias foi efectuada em 5 de Novembro de 2003 durante a inauguração da segunda fase do projecto de bio-tratamento do aterro sanitário.
Além do sistema de decomposição por bactérias, foi também inaugurada a sétima célula do aterro.
As células são áreas cercadas por barragens e impermeabilizadas com argila onde deve ser depositado o lixo. Cada camada vai sendo coberta por terra e depois poderá ser relvada.
O chorume produzido pelo material aterrado é canalizado para um equipamento onde recebe a injecção de bactérias e depois volta ao aterro. Os especialistas garantem que o uso das bactérias não representa qualquer risco para a saúde de quem mora ou trabalha próximo do local.
A primeira célula do aterro começou a funcionar em Janeiro de 2002 e com esta será a sétima célula em serviço. Terá uma vida útil de 12 meses e receberá o lixo produzido por 1,7 milhões de habitantes.
Antes da deposição em aterro o lixo sofre uma triagem para separar os materiais que podem ser reciclados empregando uma mão-de-obra de 130 pessoas.
O uso de bactérias em tratamento de esgotos não é novidade. Desde há muitos anos (30 a 40) que no início do funcionamento das fossas sépticas se usava misturar um caldo de bactérias na primeira água de enchimento. Recordo que este concentrado era adquirido nas drogarias e despejado na primeira divisória da fossa, onde estavam ligados os encanamentos de despejo das sanitas. Os outros despejos de águas usadas, chamadas águas com sabão, eram ligados à segunda divisória da fossa, que ainda tinha uma terceira divisória, dita de águas perdidas (porque não tinha fundo cimentado) servindo assim de escoamento.
Agora a novidade, é o chorume ser recolhido, injectado com bactérias e voltar ao aterro, para reciclagem.


Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/index.php?article_id=303&print=1

Inserido em: 2004-06-05 Última actualização: 1999-11-29

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