Grávidas, lactantes, bebés e crianças são particularmente sensíveis a perigos alimentares, pelo que é muito aconselhável evitar as gorduras, drogas, hormonas e pesticidas contidos na carne e lacticínios e passar a usufruir dos benefícios de uma dieta vegetariana. Segundo a Associação Americana de Dietética, as dietas veganas bem planeadas são adequadas a todos os ciclos de vida, incluindo a gravidez e a amamentação, satisfazendo as necessidades nutricionais das crianças e adolescentes e promovendo o crescimento normal.
Grávidas
As mulheres veganas são geralmente mais saudáveis do que as omnívoras, estando assim melhor preparadas para gravidezes fáceis, seguras e sem problemas. Um estudo efectuado numa vasta comunidade vegana no Tennessee (E.U.A.) — The Farm — demonstrou que só uma em cada 100 mulheres grávidas deu à luz através de cesariana e, em 20 anos, houve apenas um caso de hipertensão provocada pela gravidez, condição que ocorre em pelo menos 10% de todas as gravidezes do Reino Unido.
Necessidades especiais durante a gravidez
Todas as grávidas necessitam de uma quantidade suplementar de proteínas, as quais se encontram em alimentos de origem vegetal, tais como tofu, tempeh, feijões, óleos de frutos secos e carnes vegetais (hamburgers e salsichas de soja, por exemplo) e não provocam arteriosclerose nem possuem as gorduras saturadas dos produtos de origem animal.
Em relação ao cálcio, as grávidas devem consumir bastantes legumes de folha verde, como sejam brócolos e couves, pois o cálcio contido na maioria dos vegetais verdes é melhor absorvido pelo nosso organismo do que o cálcio do leite de vaca. Aliás, a proteína deste tipo de leite é susceptível de ser absorvida pela placenta e pelo leite materno, podendo provocar a produção de anticorpos conducentes à diabetes e dependência de insulina.
São também ricos neste mineral o leite de soja, as amêndoas, os figos, o melaço, as sementes de sésamo, o tahini e os sumos com cálcio adicionado.
Numa dieta e rotina pré‑natal vegana equilibrada, as futuras mães também devem consumir bastante ferro (presente nos morangos, uvas passas, sementes de girassol, pão integral e flocos de aveia), ácido fólico e vitaminas, incluindo as vitaminas D e B12. Estas duas últimas podem ser adquiridas, respectivamente, pela exposição moderada ao sol (10 a 15 minutos diários) e através de suplemento específico (dar preferência às formas metilcobalamina ou hidroxocobalamina).
Crianças vegetarianas
Segundo um estudo do The New England Journal of Medicine, cerca de 60% das crianças e jovens adultos sofrem de maleitas arterioscleróticas precocemente, o que pode ser evitado através de hábitos alimentares saudáveis compostos por alimentos vegetais completos.
Segundo um estudo da Universidade da Califórnia do Sul, as crianças que comem mais de doze cachorros‑quentes por mês têm nove vezes mais probabilidades de desenvolver leucemia infantil do que crianças vegetarianas.
Num dos seus livros, o famigerado pediatra Benjamin Spock recomenda que os pais pratiquem uma dieta vegana juntamente com os seus filhos: «Sabemos agora que há efeitos prejudiciais numa dieta baseada em carne. As crianças que crescem obtendo a sua nutrição a partir de fontes vegetais em vez de animais têm uma grande vantagem em saúde: há menos probabilidades de sofrerem de excesso de peso, diabetes, tensão arterial elevada e alguns tipos de cancros. Deixei de recomendar lacticínios (…) Tempos houve em que o leite de vaca era muito aconselhado, mas a pesquisa aliada à experiência clínica levaram os médicos e os nutricionistas a repensarem este conselho.»(1)
Também Michael Klapper, nutricionista, afirma: «Os humanos são as únicas criaturas que bebem leite de outra espécie. É tão antinatural que uma criança beba leite de vaca quanto um cão beber leite de girafa. As crianças não necessitam nutricionalmente de leite de vaca e crescem saudáveis e fortes sem ele. O leite de vaca e os derivados estão repletos de proteína bovina alergénica e contêm frequentemente pesticidas, hidrocarbonetos e outros contaminantes químicos, bem como gordura saturada.» (2)
Muitas crianças desenvolvem subtis ou violentas reacções alérgicas às proteínas do leite de vaca. Sintomas como fungar e desarranjos intestinais tomados por constipações e cólicas podem, na verdade, ser sinais de intolerância à lactose. Os pediatras constatam com frequência que as infecções auriculares, diabetes juvenil, problemas respiratórios, asma e hemorragias intestinais são agravados pelo consumo de leite de origem animal.
Alguns sistemas imunológicos infantis rejeitam as proteínas do leite de vaca e consideram-na uma substância estranha e invasora, contra a qual produzem altos níveis de anticorpos. No entanto, estes anticorpos também destroem as células que produzem insulina no pâncreas, o que conduz à diabetes.
O cálcio de que as crianças necessitam pode ser obtido através de fontes vegetais, tais como brócolos, grão‑de‑bico, amêndoas, feijão preto, tahini, figos secos, couve‑repolho, tofu, leite de soja fortificado e sumo de laranja, sem correr o risco de sofrer problemas de saúde crónicos graves.
(1) - Spock, B., Parker, S. J., Baby and Child Care, 7.ª edição, Simon and Schuster, 1998
(2)- Klaper, M., Pregnancy, Children and the Vegan Diet, Gentle World, 1987
Referência:
People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), Vegetarian Starter Kit
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