Os tubarões habitam o mar há 400 milhões de anos, mas, em apenas duas décadas, os homens reduziram as populações em 75%.
As populações de várias espécies de tubarões diminuíram para menos de um quarto do que existia há uns anos no Atlântico Norte, segundo um estudo publicado ontem na revista "Science" por cientistas canadianos. A sobrepesca é a grande culpada desta situação. O problema é que, como este animal está quase no topo da cadeia alimentar nos oceanos, o seu desaparecimento pode provocar grandes alterações nos ecossistemas marinhos.
De uma forma geral, as populações diminuíram 50% nos últimos dois anos. Mas, entre as várias espécies, há algumas em pior situação, como é o caso do tubarão-martelo, reduzido a uns meros 11% dos efectivos que existiam há menos de duas décadas. Também o grande-tubarão-branco já nem sequer existe em diversos locais.
Além da sua própria vulnerabilidade ao problema da sobrepesca, os tubarões têm vindo a ser cada vez mais explorados nas últimas décadas, tanto como `bycatch` [animais apanhados nas redes destinadas a pescar outras espécies] desde os anos 60, como também como alvo em si mesmo. Desde a década de 80 que há pescadores a apanhar tubarões.
Para os cientistas, a criação de reservas marinhas não é suficiente, já que os tubarões se distribuem por áreas muito vastas. A solução, defendem, é alargar as acções de protecção, que já existem para o atum e as tartarugas, aos tubarões.
O problema é que a opinião pública não está sensibilizada para o problema dos tubarões, dada a
péssima reputação de que gozam, e que não é totalmente justa: em 2001 foram feridas 76 pessoas
por tubarões, cinco das quais morreram. Por seu lado, todos os anos, são mortos 100 milhões de tubarões, tanto acidentalmente como "bycatch", como intencionalmente, para lhes retirar as barbatanas.
Referências:
Jornal Público, 18 de Janeiro de 2003
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