As lagostas são um crustáceo que pode viver mais de um século e têm uma vida social complexa. O seu sistema nervoso sofisticado torna-as sensíveis à dor: está disperso por todo o corpo e não apenas centralizado no cérebro. Tal significa que sofrem até que o seu sistema nervoso seja completamente destruído. Separar a sua espinal medula e o cérebro em dois faz com que sintam a mesma dor em cada uma das partes ainda vivas!
As lagostas também não dispõem de um mecanismo, do qual dispõem os humanos (entre outros animais), que faz com que em caso de dor extrema, um choque intervenha para fazer um curto-circuito na sensação.
Segundo, Dr. Robb, da Universidade de Bristol, uma lagosta mergulhada directamente em água a ferver permanece viva cerca de quarenta segundos. Colocada em água fria levada à ebulição, pode sobreviver durante 5 minutos. Morta pelo método industrial, que consiste em imergi-la simplesmente em água doce, agoniza durante duas horas.
Desde a sua captura (feita por mergulhadores especializados ou por armadilhas) até à sua morte, as lagostas são ainda obrigadas a suportar outros sofrimentos. Suportam uma privação quase total de movimentos durante semanas em minúsculas caixas metálicas nos portos, nos aeroportos, depois nas câmaras frigoríficas, e mais tarde dentro de aquários das lojas e restaurantes. Por facilidade, mas também para evitar que sujem as caixas e aquários com dejectos, elas não são alimentadas durante todo esse tempo; por essa razão, com receio de que, esfomeadas, acabassem por se comer umas às outras, deixam-nas sempre com as pinças ligadas com fita adesiva.
Actualmente existem muito poucas lagostas grandes e idosas devido à intensa exploração a que estão sujeitas. Junto às costas, quase já não se encontram estes crustáceos. Os pescadores têm de usar um número cada vez maior de armadilhas para manter o mesmo nível de captura. A procura mundial de marisco está, pois, a dizimar os ecossistemas.
No mundo inteiro, em cada ano, mais de 80 milhões de lagostas passam por este sofrimento. São consideradas um alimento de luxo, motivo pelo qual são bastante consumidas em épocas festivas como o Natal e a Passagem de Ano.
Referências:
Courrier international, n°474, Dezembro 1999
C. Gericke, Tierrechte n°22, Novembro 2002
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