O caviar, apesar de vendido a preço de ouro, é um produto bastante consumido no Ocidente, sobretudo durante épocas festivas.
Embora a população de esturjões tenha diminuído drasticamente no delta do Volga (Rússia), o comércio de caviar mantém o seu ritmo devido à crescente procura do produto. As mafias apoderam-se deste negócio milionário, que promove grandes matanças e é executado por pescadores furtivos.
As fêmeas, em geral, estão ainda vivas quando se abrem para extrair as ovas.
As ovas, após um processo em que são esfregadas com sal, estão prontas para ser servidas. Um quilo deste "ouro negro" pode custar até 2500 euros nos mercados ocidentais. O mercado negro do caviar assume proporções semelhantes ao do tráfico de drogas. As belugas são a espécie mais cobiçada e rara dos esturjões.
Negro, salgado e de sabor penetrante, uma colher de caviar pode custar cerca 15 euros nos restaurantes ocidentais. Os pescadores cobram 2,5 euros por quilo. A diferença vai para os chefes das mafias.
A Guarda Costeira está permanentemente em alerta para evitar a pesca ilegal. Mas o assunto é complexo, pois muitos agentes foram comprados e os pescadores furtivos não se detêm diante de nada.
Na zona do mar Cáspio o negócio está meticulosamente organizado. Enquanto se captura o peixe, os "negros" do pescado abrem a tripa da fêmea, extraem o caviar e atiram o corpo à água. Acima dos "negros" estão os "barões", homens que subornam a polícia e prestam contas aos "reis", ou chefes dos bandos.
O problema subjacente é que estão a acabar os esturjões, um peixe que vive há 250 milhões de anos e que sobreviveu aos dinossauros. De nada valeu aos cientistas fixarem uma quota anual de capturas para todas as espécies de esturjões que nadam em águas russas, a fim de salvar este peixe de extinção.
Também não foi suficiente que várias espécies estejam abrangidas, desde Abril de 1998, pelo Convénio CITES (Convénio Internacional sobre o Comércio de Espécies Protegidas), como espécies em perigo de extinção ou vulneráveis.
Enquanto a quota oficial de captura, no ano de 1997, foi de 898 toneladas, actualmente pesca-se de forma ilegal mais do dobro e até do triplo. Embora os números relativos à captura ilegal não sejam, evidentemente, de grande confiança, os entendidos afirmam que, só em 1985, os pescadores furtivos apanharam 25 mil toneladas de esturjões. A prosseguir este ritmo, em breve já não haverá esturjões.
Referências:
Revista Super Interessante nº31, Novembro 2000
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