Desde a revolução industrial que, em virtude de um considerável aumento do crescimento urbano e populacional, bem como da preocupação com a maximização da produção, o consumo das fontes de energia não renováveis (1), carvão, minerais, petróleo e gás natural, tem subido de forma alarmante, contribuindo para a escassez destes recursos no futuro.
As acções provenientes desta visão antropocêntrica têm gerado a deterioração dos ecossistemas, de tal forma grave que as preocupações se começaram a orientar no sentido da obtenção de novas formas de energia definidas como "alternativas".
Iniciativas políticas europeias
O protocolo de Quioto, estipulado na Cimeira das alterações climáticas em 1997, vem delinear esta necessidade de recurso a novas fontes de energia, definindo como objectivo o atingir do desenvolvimento sustentável proposto na Cimeira do Rio de 1992, cuja continuidade foi garantida na Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2002. A directiva comunitária vem assim tentar regulamentar a redução do consumo das energias não renováveis e implementação do uso das renováveis até 2010.
Em Portugal
A nível de iniciativas nacionais salienta-se o Programa Energia, que teve lugar em 1995 e posteriormente em 1999, atribuindo alguns investimentos nesta área de investigação. No entanto, para além desta iniciativa são escassos os incentivos monetários para o desenvolvimento deste tipo de energias, bem como a existência de mão-de-obra nacional detentora das competências técnicas suficientes.
Em termos da implementação em concreto deste tipo de energias, os maiores obstáculos apresentam-se sob a forma do hábito que leva os sujeitos a repelirem a inovação, e através da legislação nacional que limita a produção deste tipo de energias a nível individual até dado valor.
Fontes de energia renovável mais estudadas
Energia Solar:
No centro do astro sol ocorre uma fusão dos átomos de hidrogénio originando núcleos de hélio, que por sua vez dão origem à energia que é radiada para o espaço. A produção de energia solar consiste em nada mais do que no aproveitamento para a produção de energia dos raios solares que atingem a terra, podendo obter-se através de:
um reactor (painel negro amplo coberto por um vidro ou outro material transparente) em que o calor captado é transferido pela circulação de ar ou de um fluido interno ao painel (método usado no aquecimento de ambiente interno e água quer em termos domésticos, quer em termos comerciais);
um colector composto por células que captam a energia solar e a transformam directamente em electricidade ( método usado em calculadoras e veículos espaciais).
Embora este tipo de energia seja favorável para o cumprimento do estipulado no protocolo de Quioto relativamente à redução de emissões, apresenta-se como um método dispendioso e aplicável apenas em zonas com grandes quantidades de sol.
Energia eólica:
É o tipo de energia menos dispendiosa e poluente, consistindo no aproveitamento do deslocamento de massas de ar, que advêm das diferenças de pressão atmosférica entre duas regiões distintas. A utilização do vento como fonte de energia remonta há séculos para a extracção de água dos poços ou para a produção de electricidade, tendo sido entretanto abandonada pelo aparecimento do petróleo.
Embora tenha um futuro promissor, apresenta ainda alguns problemas técnicos em termos das turbinas dos mecanismos que a produzem.
Energia hidroeléctrica:
Desde há muitos anos que o ser humano recorre à energia gerada pelas quedas de água, ou seja, à transformação da energia potencial de uma massa de água em energia cinética. Actualmente ela serve de recurso para movimentar turbinas produzindo electricidade, constituindo uma das alternativas mais viáveis às fontes de energia não renovável.
No entanto, muitas vezes este tipo de exploração não é incluído no quadro das energias renováveis em virtude dos eventuais impactos negativos no meio ambiente e no ecossistema fluvial que dele advêm. Adicionalmente, a sua aplicação conhece ainda como segundo entrave a delimitação dos locais de instalação das barragens, uma vez que o assoreamento do lago das barragens por parte de sedimentos trazidos nos rios lhes confere um curto período de duração.
Energia geotérmica:
A sua utilização remonta às civilizações romanas, nas primeiras termas conhecidas. Consiste no aproveitamento do calor natural do interior da terra, sendo a energia transferida por convecção ou por intermédio de tecnologia de injecção de água através da superfície em maciços rochosos quentes.
O calor extraído provém directamente da câmara magmática, mas é recolhido à superfície sob a forma de vapor de água ou pela utilização das águas das chuvas que correm ao nível subterrâneo, uma vez que estão em contacto com rochas a elevadas temperaturas.
Este tipo de energia é utilizado na produção de electricidade e aquecimento. No entanto, embora peritos afirmem que no futuro possa satisfazer cerca de 20% das necessidades energéticas mundiais, é limitada a zonas onde as águas subterrâneas, as rochas de elevadas temperaturas e os magmas se encontram em conjunto, permitindo a sua aplicação eficaz.
Energia proveniente das marés, ondas e correntes marítimas:
A energia do mar pode ser aproveitada de 3 formas diferentes:
Das ondas. O vento provoca as ondas, e estas podem ser aproveitadas para produzir energia eléctrica. Com grande potencial de exploração, a energia das ondas radica-se no efeito dos ventos, daí que apresente irregularidade e variação sazonal semelhantes. No entanto, se por um lado requer sistemas de conversão mais complexos do que os da energia eólica, por outro o recurso (ondas) detém uma bem maior concentração espacial (numa camada de algumas dezenas de metros abaixo da superfície).
Das marés. A Lua provoca deslocamentos de água para um lado ou outro do planeta, que são as marés. Estes deslocamentos podem ser aproveitados para produzir energia eléctrica, construindo-se açudes e alojando turbinas e geradores eléctricos por baixo deles. A passagem da água de um lado para o outro faz movimentar a turbina e mover o gerador;
Das correntes marítimas. Diferenças de temperatura ou pressão na água do mar provocam correntes, e estas podem ser aproveitadas de forma semelhante à energia das marés.
Para dar uma ideia da magnitude das marés na produção de energia, calcula-se que a estimativa do potencial das marés ronda os 633000 gigawatts, mais de um milhar de milhões de barris de petróleo.
Energia da biomassa
Este método consiste na obtenção de energia por recurso a material biológico. Este material biológico compõe assim:
A biomassa sólida: composta por todos os produtos e resíduos agrícolas, florestais, industriais e percentagem biodegradável dos resíduos industriais e urbanos.
Os biocombustíveis gasosos: advêm da degradação biológica anaeróbia da matéria orgânica contida nos efluentes agro-pecuários, agro-industriais e urbanos (lamas das estações de tratamento dos efluentes domésticos) bem como nos aterros de Resíduos Sólidos Urbanos.
Os Biocombustíveis líquidos: provêm das chamadas "culturas energéticas", como é o caso do biodiesel (proveniente de óleos de colza ou girassol), etanol (obtido através da fermentação de hidratos de carbono) e metanol, habitualmente obtido por síntese a partir do gás natural, ou pelo processo de pirólise.
(1) Define-se como recurso não renovável aquele cuja taxa de renovação é tão baixa que não permite aumentar o seu stock total num período de tempo curto, distinguindo-se do renovável, que se caracteriza por deter uma taxa de renovação possível num determinado período de tempo, sendo a sua extracção possível (embora não garantida) até ao infinito).
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