Os primeiros etologistas a interessarem-se pelo tema do comportamento territorial defendiam uma abordagem evolucionista, acreditando que os animais herdariam uma predisposição para se comportarem territorialmente, uma vez que aqueles que o haviam feito no passado teriam sobrevivido e se reproduzido de forma mais bem sucedida do que aqueles que não o tinham feito.
No entanto, para os psicólogos ambientais estamos perante um tema controverso: enquanto alguns defendem a perspectiva evolucionista não só para animais irracionais como para humanos, outros defendem a sua flexibilidade, fruto da aprendizagem contestando a definição simplista de “instinto territorial”. A sociobiologia, por seu turno, percepciona a territorialidade como um sistema de comportamentos sociais (e, como tal, aprendidos), cuja evolução adveio do seu carácter adaptativo.
Mc Andrew, citando Sack (1983), define este conceito como sendo a tentativa de influenciar e controlar as acções alheias através do reforço do controlo sobre uma área geográfica e os objectos nela contidos.
Embora seja percepcionada como impulsionadora da agressão, a territorialidade diminui sim o conflito, ao definir garantias para o animal no seu território de que eventuais lutas não venham a ocorrer, através da minimização do número de confrontos possíveis (lobos e outros carnívoros urinam e defecam em torno do seu território, enquanto que macacos e pássaros recorrem a vocalizações a longas distâncias, para demarcar o seu espaço). Quando as confrontações de facto ocorrem, os sistemas territoriais permitem outras salvaguardas contra os perigos graves que podem advir da luta. O efeito de “residência prévia” é disso exemplo, ocorrendo quando animais no seu território demonstram domínio sobre intrusos. Ilustrando, se dois peixes de espécies diferentes forem colocados no interior de um aquário eles definirão o seu território, dividindo o espaço onde circulam; caso um invada o território do outro será fortemente atacado e perseguido até ao limite da fronteira que os separa.
Para além de diminuir a agressão e regular o acasalamento, a territorialidade tem também como importante função distribuir os animais de forma a que as reservas alimentares e de outra ordem não sejam sobrecarregadas.
A territorialidade animal de facto só aparece ligada à agressividade elevada nas espécies animais que possuem um sistema de localização, em que machos se reúnem para comparar territórios, uma vez que os confrontos agressivos entre machos pela posse de territórios é uma pré-condição para o acasalamento (como é o caso dos antílopes africanos).
McAndrew F. (1993) . Environmental Psychology. California: Brooks/Cole
Inserido em: 2004-04-10 Última actualização: 2009-04-02
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