Até há cerca de 50 anos atrás, as galinhas eram criadas ao ar livre, punham os seus ovos em ninhos e conseguiam executar as actividades que lhe são características como procurar comida e apanhar sol.
Actualmente, a realidade é completamente diferente. As galinhas tornaram-se num produto resultante de um processo industrial e nas vítimas da ganância e da "fome falsa" do Homem.
As prateleiras dos supermercados e talhos foram inundadas por embalagens de frangos e ovos em quantidades desmedidas. A situação ultrapassa de tal forma os limites da imaginação, que até hoje em dia a maioria das crianças da cidade desenha as galinhas tal como as vêm no supermercado, só o seu pobre corpo desprovido de penas e nada mais.
E deve ser este um dos sonhos dos milhares de produtores de galinhas poedeiras e de frangos de carne, inventar galinhas sem penas para que a produção seja mais rápida e menos dispendiosa.
Só nos EUA, cerca de 245 milhões de galinhas são criadas anualmente como produtoras de ovos e 98% das mesmas passam as suas curtas vidas fechadas em gaiolas de dimensões muito pequenas que, por sua vez, são dispostas em pilhas de 3 a 6 andares em enormes armazéns sem qualquer iluminação natural.
Com um espaço inferior ao tamanho de uma gaveta de um armário de arquivo, as galinhas não conseguem movimentar-se, nem sequer para estender uma asa. Engaioladas para toda a vida, as aves não conseguem fazer exercício, o cálcio é praticamente todo direccionado para a produção das cascas dos ovos, fazendo com que as galinhas desenvolvam um tipo de osteoporose grave devido ao enclausuramento intensivo. Privadas de cálcio, milhões de galinhas ficam paralíticas e acabam por morrer de fome e sede porque não conseguem chegar nem à comida nem aos bebedouros. A rede em arame arranca as penas das galinhas, provocando bolhas dolorosas e mutila as patas destas pobres aves. Com apenas um dia de vida, os pintainhos machos são mortos (enterrados vivos ou fechados dentro de sacos até sufocarem), por serem inúteis para a indústria de produção de ovos.
As chamadas quintas industriais são locais terríveis e deprimentes, que conseguem ser piores do que o mais cruel campo de concentração humano.
As aves criadas neste tipo de ambiente ficam de tal forma desorientadas e "perdidas", que chegam muitas vezes a atacar o seu companheiro de gaiola num modo totalmente canibalesco. Para evitar estes comportamentos de stress causados pela superlotação excessiva, as extremidades dos seus bicos são cortadas com lâminas quentes e sem a utilização de quaisquer sedativos. Muitas das galinhas morrem devido ao choque; as que sobrevivem, têm de sofrer com as dores o resto das suas vidas.
Em condições normais, as galinhas podem viver até aos 15/20 anos de idade. Criadas neste tipo de sistema de produção industrial, ficam esgotadas muito depressa (chegam a produzir até 300 ovos por ano) e a sua produção começa a diminuir quando atingem aproximadamente os 2 anos de idade. Quando isto acontece, as galinhas são literalmente empacotadas e enviadas para o matadouro, onde serão mortas para serem utilizadas em papas para bebés, ração de animais, sopas, tartes e outros alimentos processados industrialmente. Durante o seu transporte, centenas de milhões de galinhas ficam com as asas partidas e outros tantos milhões morrem devido ao stress da viagem.
As galinhas são tão inteligentes como os cães e os gatos
Os cientistas consideram as galinhas tão inteligentes como os cães e os gatos, e tal como os cães e os gatos, também sentem dor. Em ambientes naturais, criam amizades, conseguem reconhecer-se entre si, mostram carinho pelos seus filhos e adoram, entre outras coisas, tomar banhos de terra, fazer ninhos e empoleirar-se nas árvores.
Foram realizadas experiências em que as galinhas aprenderam a utilizar interruptores e alavancas para mudar a temperatura do meio em que vivem e abrir as portas para as áreas de alimentação. São aprendizes rápidos e possuem personalidades diferentes. Enquanto algumas são tímidas e afastam-se quando alguém se aproxima delas, outras mostram-se confiantes e cumprimentam os desconhecidos com uma variedade de cacarejos.
Além de possuírem relações sociais complexas, dominam igualmente 30 tipos de vocalizações diferentes, que são utilizados para exprimir diversos sentimentos como satisfação, medo e inquietação.
Apesar destas características surpreendentes, ao serem criadas em unidades de produção industrial, este tipo de actividades é-lhes totalmente negado.
Os ovos serão mesmo saudáveis?
As galinhas poedeiras são criadas com antibióticos e outras drogas e, muitas vezes, não são alimentadas durante quase 15 dias seguidos para obrigar os seus corpos a produzir mais ovos.
São propensas a infecções bacterianas e são expostas a pesticidas.
Isto não parece ser muito saudável.
Os ovos estão carregados de gorduras saturadas e colesterol, para não falar do tratamento cruel ao qual são submetidas estas pobres aves. O consumo de ovos pode aumentar o risco de ataques cardíacos, diabetes e outras doenças.
Acredita-se também que a reutilização do excremento, cadáveres de galinhas, penas e de outras partes de animais na alimentação de animais permite o alastramento de doenças.
A produção desenfreada de ovos também prejudica o ambiente. A grande quantidade de excremento produzido pelas quintas industriais é nociva para os ecossistemas locais, assim como também o é a libertação de gás de amónia para o ar (sufocante e extremamente irritante para os olhos, garganta e aparelho respiratório). Uma quinta com 1 milhão de galinhas produz cerca de 100kg de excremento por dia!
Isto é muito excremento, a maior parte do qual termina no nosso fornecimento de água.
A avicultura extensiva, ovos "free-range", não é sinónimo de não-violência
Quando pensamos em sistemas de avicultura extensiva, imaginamos as galinhas ao sol a esquadrinhar o chão em busca de comida e a desfrutarem de uma interacção social normal. No entanto, "extensiva" apenas significa que é dado mais espaço às galinhas dentro dos armazéns, nunca chegando então a ver a luz do dia. A maior parte das galinhas criadas neste tipo de sistema continua a não ter espaço suficiente para esticar as asas, o bico pode ser igualmente cortado e sofrem um abate doloroso.
O problema é que estas galinhas também não são criadas livremente. Se não confiaríamos nos produtores para criar e abater cães de forma humana, porque é que confiamos nos mesmos em relação às galinhas?
E os ovos das galinhas criadas em casa?
Esta é uma das questões que mais polémica tem criado e que levanta muitas dúvidas para quem pretende seguir uma dieta vegetariana. Apesar de alguns defenderem que não há problema em comer ovos caseiros, apoiando as suas razões no bom tratamento das galinhas (alimentação sem drogas e liberdade quase total), não nos podemos esquecer que os ovos carregam dentro de si uma vida em potência.
Ao consumirmos ovos estamos também a contribuir para o abate das galinhas. O que é que acontece quando estas deixam de produzir ovos? Geralmente, a maioria é abatida para consumo, pois como sabemos as galinhas não são criadas em casa como animais de estimação.
Para quem deseja realmente deixar de consumir produtos animais, uma vez que o reino vegetal é capaz de nos fornecer os nutrientes necessários para viver, também é capaz de encontrar alternativas ao consumo de ovos.
Como já foi anteriormente explicado, os ovos possuem um teor de colesterol elevado e como o que essencialmente nos fornecem são proteínas, estas podem ser substituídas facilmente por produtos vegetais como soja, tofu, seitan e até feijão.
Em http://www.centrovegetariano.org/index.php?article_id=13, encontras muitas alternativas para a substituição dos ovos em receitas culinárias.
Alguns Dados:
Produção de excremento pela população humana nos EUA: 5,5Kg/segundo.
Produção de excremento pelo gado em geral nos EUA: 113Kg/segundo.
Sistema de esgotos nas cidades norte-americanas: Comum.
Sistema de esgotos nos armazéns de criação de gado norte-americanos: Nenhum.
Quantidade de desperdício produzido anualmente pelo gado nos EUA em condições de enclausuramento que não é reciclado: 1 bilião de toneladas.
Número de galinhas mortas por minuto nos EUA: 14.000.
Número anual de norte-americanos doentes por comer ovos infectados com salmonela: mais de 650.000.
Número anual de norte-americanos que morreram por comer ovos infectados com salmonela: 600.
Aumento de envenenamento por salmonela em ovos crus ou mal cozidos entre 1976 e 1986: 600%.
A Lei
A lei continua a não proteger estas pobres aves. As normas vigentes deviam ser revistas e alteradas para que as condições destes e doutros animais pudesse mudar rapidamente. No entanto, a legislação actualmente em vigor é conivente com estas situações de maus-tratos.
Alguns exemplos retirados do Decreto-Lei nº 72-F/2003 de 14 de Abril:
As instalações compostas por vários pisos de gaiolas devem dispor de dispositivos ou medidas adequadas que permitam proceder adequadamente e sem entraves à inspecção de todos os pisos e que facilitem a retiradas das galinhas.
(...) é proibido qualquer tipo de mutilação, com excepção do corte de bico, por razões de canibalismo e arranque das penas, desde que essa operação seja realizada por pessoal qualificado em pintos de menos de 10 dias que se destinem à postura.
Um ovo equivale a 34 horas de dores e sofrimento para uma galinha!
Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-366-De-Onde-V-m-Os-Ovos-.html
É inqualificável a forma como tratamos os animais e como os usamos para nosso "benefício", mas nem a nós isso faz bem.
Mas isso reflecte e a forma como nos tratamos uns aos outros. Vejam se as vossas vidas não são como a vida de uma galinha fechada numa gaiola a servir os interesses de alguém que está perfeitamente nas tintas para os vossos direitos. Um bocadinho de "milho" é o suficiente para tirar de nós aquilo que querem. Façam tudo o que puderem para se libertarem, por enquanto não se distraiam com as galinhas. Depois vamos libertar as galinhas. As galinhas somos nós. Tenham a coragem de se libertar. Ou têm medo de serem livres?
é dificil, ler isto porque já comi tanto ovos , nos bolos e outras receitas e ao ler isto é dificil imaginar ... é dificil convencer milhoes a deixar de os comer.
(Por: flávia)
A quem o dizes! Ainda hoje a minha mãe perguntou-me "O que vamos comer?" O que não falta é diversidade! O problema é a falta de informação. O pessoal mais antiquado não percebe a importância disso. É muito triste.
Então e os humanos?
É inqualificável a forma como tratamos os animais e como os usamos para nosso "benefício", mas nem a nós isso faz bem.
[Por: gnanaatman @ 2009-07-27, 14:50 | Responder | Imprimir ]Mas isso reflecte e a forma como nos tratamos uns aos outros. Vejam se as vossas vidas não são como a vida de uma galinha fechada numa gaiola a servir os interesses de alguém que está perfeitamente nas tintas para os vossos direitos. Um bocadinho de "milho" é o suficiente para tirar de nós aquilo que querem. Façam tudo o que puderem para se libertarem, por enquanto não se distraiam com as galinhas. Depois vamos libertar as galinhas. As galinhas somos nós. Tenham a coragem de se libertar. Ou têm medo de serem livres?
Re: Então e os humanos?
A isso chama-se sociedade! Quando for perfeita seremos livres.
[Por: silamelo83 @ 2009-07-27, 23:58 | Responder | Imprimir ]