António Cardoso, nascido a 2 de Dezembro de 1929, é vegetariano há mais de 60 anos e é sócio da SPN - Sociedade Portuguesa de Naturalogia - desde os 17 anos. Ao longo destes anos, tem dedicado muito da sua vida e tempo à SPN, à divulgação das suas actividades (participante em quase todas, especialmente nos Passeios Pedestres). É há muitos anos o responsável pela organização das Conferências quinzenais onde podemos ter o privilégio de ouvir oradores interessantes debatendo temas igualmente interessantes, relacionados com o Vegetarianismo, o Naturismo e não só: os temas das conferências são, de facto, alargados a todas as tradições e ideologias ou práticas que visem a saúde e o bem estar geral do ser humano. Ao longo de todos estes anos de dedicação, ocupou igualmente cargos na Direcção, foi Presidente da Mesa da Assembleia Geral até há cerca de um ano, a partir de então tendo assumido o cargo de Vice-Presidente da actual Direcção.
O Centro Vegetariano foi ao seu encontro para conhecer um pouco da história da SPN e do vegetarianismo em Portugal.
Centro Vegetariano: Quando e com que designação foi criada a actual Sociedade Portuguesa de Naturalogia? António Cardoso: A 13 de Outubro de 1912 com a designação de Sociedade Naturista Portuguesa.
CV: Em que circunstâncias surgiu esta associação? AC: A existência de um grupo naturista no Porto fez com que os naturistas de Lisboa decidissem entrar em actividade fundando uma associação.
CV: Quem foram os seus membros fundadores? AC: Os principais membros fundadores foram dois, ambos meus amigos: Luciano Silva e o Dr. Roberto Neves. Este posteriormente teve que fugir para o Brasil, porque era presseguido pela PIDE, e onde fundou a Editora Germinal que divulgava o Vegetarianismo. Quando faleceu, já depois do 25 de Abril e ainda no Brasil, o Diário de Lisboa publicou uma grande notícia com o seu retrato e a sua história.
CV: Na época, a promoção do vegetarianismo já era um dos objectivos? Que actividades promoviam em prol do vegetarianismo? AC: Era o principal objectivo. Através da publicação de folhetos e livros, conferências, circulares, etc. Criou-se também um campo de nudismo que desapareceu posteriormente. Organizavam-se passeios pedestres em que, após o almoço, havia sempre uma parte cultural.
CV: Quantos sócios tinha a SPN nas primeiras décadas da sua criação? E actualmente? AC: Cerca de 200 sócios na altura da sua criação. Nos registos da SPN podemos contar com cerca de 3.000 sócios estando, actualmente, activos cerca de 300 sócios, o que é pena, obviamente.
CV: A SPN teve algum contacto com a Sociedade Vegetariana de Portugal, fundada na cidade do Porto no início do século XX? O que nos pode contar sobre esta primeira associação vegetariana? AC: Ignoro se houve contactos. Posso apenas dizer que a Sociedade Vegetariana Portuguesa foi fundada com o apoio do médico, Dr. Amílcar de Sousa.
CV: Qual foi na época o impacto da revista O Vegetariano, produzida pela Sociedade Vegetariana de Portugal? AC: Foi muito grande. Comparava-se com o Almanaque Bertrand mas, obviamente, numa perspectiva vegetariana.
CV: Nas primeiras décadas do século XX o que se fazia em Portugal para promover o vegetarianismo? Existiam muitos vegetarianos? Era fácil seguir uma alimentação vegetariana? AC: Havia algumas pessoas vegetarianas que eram vistas um pouco como “lunáticas”! No início do século promovia-se o vegetarianismo sobretudo através de folhetos e conferências. Julgo que o primeiro restaurante vegetariano em Lisboa foi a Maison Végétarienne. Posteriormente, houve outro na Rua de S. Julião e que, segundo informações, era bastante melhor que o primeiro.
CV: E em que ano a SPN criou a revista Vida Sã? Qual era a sua periodicidade e o seu público-alvo? AC: Não me lembro do ano da sua criação; era mensal, agora é trimestral. O público alvo eram as pessoas vegetarianas e as outras também, como forma de as sensibilizar.
CV: Em que ano a SPN criou o refeitório vegetarianos para os sócios? AC: Na década de 60.
CV: A SPN é membro da EVU (União Vegetariana Europeia). Já participaram em algum dos seus congressos? Qual foi o papel que aí tiveram? AC: A SPN é sócia da IVU-União Vegetariana Internacional. Tem participado em vários congressos em países estrangeiros. Normalmente, nestes congressos todos os congressistas participam de forma igualitária.
CV: Enquanto vice-presidente da SPN, como vê o desenvolvimento do vegetarianismo em Portugal ao longo das últimas décadas? AC: Um desenvolvimento ascendente, cada vez mais cresce o interesse e o número de adeptos do vegetarianismo, o que se verifica através da abertura “galopante” de restaurantes vegetarianos por todo o país. Há tempos, na televisão disseram que havia 200.000 vegetarianos em Portugal. Nós não temos elementos para confirmar estes números, embora pense que esse número é excessivo.
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Um exemplo para todos nós. Um naturista com N maiúsculo !
Entre as suas muitas outras ocupações, o Dr. Cardoso continua a colaborar activamente na SPN - Sociedade Portuguesa de Naturalogia, onde é muito estimado por todos. Assista às conferências (com entrada livre) e conheça o Dr. Cardoso, uma grande personalidade do saber viver a cultura integral do indivíduo.
Dr. Cardoso
Um exemplo para todos nós. Um naturista com N maiúsculo !
[Por: 0 @ 2007-07-07, 17:30 | Responder | Imprimir ]Entre as suas muitas outras ocupações, o Dr. Cardoso continua a colaborar activamente na SPN - Sociedade Portuguesa de Naturalogia, onde é muito estimado por todos. Assista às conferências (com entrada livre) e conheça o Dr. Cardoso, uma grande personalidade do saber viver a cultura integral do indivíduo.
Sofia