Um tema que me tem preocupado, com o actual cenário de crise internacional, prende-se com as nossas opções de vida e qual o sentido que imprimimos às mesmas. Assim sendo, a minha reflexão para este artigo prende-se com a opção vegetariana e qual a sua relação no conceito de Responsabilidade Social, que riscos e que oportunidades. Qual o impacto do vegetarianismo no mundo socioeconómico e será esta a melhor opção?
Este tema ocorreu-me ao ler um dos último livros de Seth Godin, guru de marketing (“Torne-se Pequeno E Pense Em Grande”, Editorial Presença, 2007, versão original “Small is the New Big”, http://www.sethgodin.com/smallisthenewbig ), onde argumenta que “se toda a gente passasse a conduzir híbridos, basicamente seríamos independentes do petróleo (…), e as maiores ameaças para a atmosfera desapareciam (asma, poluição das cidades, etc)”. Mas a grande questão de Godin prende-se com o facto de que se é mesmo uma boa opção porque não se aplica? Seria esse um verdadeiro acto de puro altruísmo ou mera atitude de responsabilidade social para um mundo que procuramos ver melhor, direccionados àqueles que serão a continuidade da raça humana? E reflectindo, considero que essa questão aplica-se, também, ao vegetarianismo. Porque não opções mais saudáveis, quer do ponto de vista de saúde, ambiente, economia e social, já comprovadas como tal para melhorar o mundo?
O facto é que uma opção vegetariana global seria, eventualmente, desastrosa para a economia, da forma como a vemos hoje, pois haveria novas oportunidades a gerir e riscos a eliminar como sejam hábitos instituídos (consumo de carne e peixe, por exemplo, e sucedâneos como peles, caça e pesca) e novas situações a aprender (alimentação). Mas mais que tudo, teríamos que descobrir algo sobre nós e sobre o mundo. E será que estamos dispostos a essa descoberta e ver esse novo mundo? No mundo tecnológico em que nos inserimos, seguramente que não nos podemos queixar de falta de informação pois somos bombardeados por correio, seja físico ou virtual (internet). O que impede de darmos esse passo?
Se tal cenário se colocasse, tanto indivíduos como organizações teriam que redesenhar estratégias operacionais e de marketing. É certo que haveria actividades que se afundariam, mas também surgiriam novos nichos de mercado, novos comportamentos (menos violentos, seguramente) e novas formas de diálogo (entre os diferentes povos, princípio já há muito defendido por diversas personalidades internacionais). Seriam redesenhadas novas tendências e comportamentos, exploradas novas formas de criar, e gerar, vida e os excessos de cereais passariam a ter outro sentido útil. A vida, e o respeito pela mesma, seria harmonizado e o respeito pelo próximo, do ponto de vista social, passaria a ter a devida importância. O facto notório é a aversão natural (quase patológica) das pessoas à mudança, sejam elas sobre grandes ou pequenas coisas, mesmo que resultem no seu próprio bem-estar. A aversão à mudança é uma temática que nós, os vegetarianos, já sentimos e ultrapassamos e hoje, mais assentes nas nossas opções, verificamos que é esse o obstáculo ao crescimento e maturidade sobre opções alimentares.
Mas porquê o vegetarianismo relacionado com Responsabilidade Social? Porque a opção vegetariana merece ser ponderada como uma possibilidade séria para o planeta, considerando o argumento ecológico, tendo em consideração que:
os vegetais fornecem 10 vezes mais proteínas por hectare do que a carne, potenciando menor desgaste do terreno necessário para alimentar os animais de exploração.
a exploração agrícola consome menos água do que a exploração animal, contribuindo ainda para a melhoria da camada do ozono, efeitos de estufa e aquecimento global.
Só para registo, para ½ quilo de carne é necessário 50 vezes mais água do que para o equivalente em trigo, para além de que a criação animal tem uma quota-parte significativa de responsabilidade nos níveis de poluição dos recursos hídricos.
De acordo com o australiano Peter Albert David Singer ( http://www.utilitarian.net/singer ), filósofo e professor a leccionar nos EUA Ética e Valores Humanos, vegetariano por opção, num dos seus ensaios filosóficos mais conhecidos, combate a injustiça de algumas pessoas a viverem em abundância enquanto outras morrem de fome e alerta para o facto que “a comida desperdiçada na produção de animais nas nações ricas seria suficiente, se fosse adequadamente distribuída, daria para pôr fim tanto à fome como à subnutrição em todo o mundo”. Autor de livros como “Libertação Animal” , “How Are We to Live?: Ethic in an Age of Self-Interest” (1995) e “One World: The Ethics of Globalization” (2002), Singer tornou-se um grande defensor dos direitos dos animais e apoiante da dieta vegetariana.
Já as americanas Kneidel, Sally (bióloga doutorada e jornalista) e sua filha Sara Kate (activista, http://veggierevolution.blogspot.com), co-autoras do livro Revolução Vegetariana (título original “Veggie Revolution: Smart Choices for a Healthy Body and a Healthy Planet”, 2005 Outubro, ISBN 978.155.591.5407 da Fulcrum Publishing, EUA), analisam o impacto ambiental e socioeconómico global de uma opção vegetariana, considerando que se trata de um regime alimentar ancestral, experimentado e desenvolvido pelas diversas civilizações mas “engolida” por lobbies económicos e indústrias alimentares não vegetarianas. No livro de ambas, mãe e filha confrontam os problemas modernos, direccionados ao universo da indústria de alimentação americana, como sendo hábitos pouco recomendáveis, tanto do ponto de vista nutricional como de sustentabilidade ambiental, económica e social. A escolha alimentar certa para um corpo saudável, subtítulo do livro, é um tema que pela sua relevância, causa controvérsia nos meios diversos por ser um indiciador de redução de número de doenças humanas e potencial para uma população mais activa e mais participante, tanto no ponto de vista social como ambiental. No seu desenvolvimento, defendem que as actuais opções alimentares não vegetarianas estão a conduzir o globo a níveis de saturação preocupantes e os recursos esgotam-se a uma velocidade acelerada, sem alternativas. O livro enumera diversos recursos considerados fundamentais na produção de alimentação não vegetariana, os seus efeitos poluentes e consequências bem como indica soluções possíveis não poluentes e melhores para o ambiente, em geral. Em conclusão, as Kneidel defendem que para uma preservação do natural meio ambiente, Homens e Animais deverão regressar aos princípios de boa convivência e a práticas mais harmoniosas de exploração. As lições retiradas da natureza do Homem e seus hábitos alimentares em relação à ordem normal das coisas, estão a esgotar os recursos naturais do solo.
Assim sendo, e uma vez que caminhamos a passos largos para uma exploração até à exaustão dos recursos naturais do Globo e considerando as vantagens diversas de uma alimentação equilibrada, onde o consumo de carne é subtraído, retomando à questão de Seth Godin, se a solução é boa porque não a aplicamos? Ou seja, se a opção vegetariana resulta como uma decisão equilibrada e socialmente mais responsável, globalmente, porque não a considerar visto que os riscos socioeconómicos serão contornados com as novas oportunidades criadas de mercado, estes mais equilibrados e claramente mais saudáveis para todos? Seria até possível zerar o índice (reduzir à taxa zero) de população mundial com fome e de doenças (cardíacas, colesterol, entre outras). Todos, em conjunto, deveríamos repensar as nossas opções ponderando o peso futuro das mesmas, no imediato.
Deixo aqui a questão que também me preocupa porque procuro um mundo melhor, para todos e partilho convosco o pensamento de alguém que sempre lutou pela paz e auxílio aos menos favorecidos, Madre Teresa de Calcutá, que um dia disse “sei que o que fazemos não é mais que uma gota no oceano, mas se essa gota não estiver no oceano, fará lá falta”, mas nós sabemos que o mundo depende do movimento dos mares. Agora, depende de nós por isso faça a sua boa opção de vida, com consciência e com responsabilidade social, invista no futuro e goze da oportunidade de uma vida melhor.
Inserido em: 2009-04-30 Última actualização: 2009-04-30
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Belo artigo
Obrigada pelo belo artigo que aqui nos proporcionam.
[Por: @ 2009-08-04, 14:28 | Responder | Imprimir ]Acabei agora, precisamente de ler o livro "Como Comemos" de Peter Singer e Jim Mason, que uma amiga, também vegetariana como eu, me emprestou.
É um livro que analisa detalhadamente todas estas questões, sociais, éticas e ecológicas relacionadas com os nossos hábitos alimentares. Muito bom, para todos lermos.
Obrigada de novo.
Um abraço
Isabel Matos
(Por: Isabel Matos)
Re: Belo artigo
Ser vegetariano não é nem nunca será uma opção baseada na razão. Nunca ninguém alterará hábitos ancestrais através de uma argumentação lógica. E se alguém o fizer estará a fazer a coisa certa pelas razões erradas. Estará a fingir que é vegetariano e isso vai fazê-lo sentir-se muito infeliz e amargo com os não-vegetarianos. Será um infeliz com razão. Eu não quero ter razão, eu quero ser feliz. Ninguém será convertido em vegetariano depois de uma palestra de ética e ambientalismo. Não vale a pena andarmos a tentar convencer os outros com argumentação lógica. O respeito pela natureza e por todos os seres vivos não é uma questão de lógica ambientalista. É uma questão de consciência e amor-próprio. Só alguém com amor-próprio ama o está à sua volta. Só quando as pessoas sentirem que nós e o planeta somos um único ser indiferenciável, e quando abandonarem o seu comportamento suicida, passarão a respeitar a natureza. Sentir não é entender sob o ponto de vista intelectual. As pessoas vivem a matar-se a elas próprias e aos outros com o seu estilo de vida suicida. Como podem elas respeitar os bichos e o planeta que é apenas uma pedra gigante? Elevar a consciência não se consegue com dados estatisticos. Seria fácil resolver os problemas do mundo se assim fosse. O mundo não será salvo através da lógica e da razão.
[Por: gnanaatman @ 2009-08-04, 17:06 | Responder | Imprimir ]Re: Belo artigo
Para mim nao importa o motivo porque as pessoas se tornem vegetarianas.
[Por: andycor @ 2009-08-05, 03:40 | Responder | Imprimir ]Vale a pena tentar todos os tipos de argumentaçao para ajudar as pessoas a optarem pelo vegetarianismo, mesmo que esses argumentos nao tenham sido aqueles que nos levaram a ser vegetarianos.
Nao interessa se as pessoas se tornam vegetarianas racionalmente ou espiritualmente, por etica, nojo, religiao, saude, ambiente, imagem publica, ou qq outro motivo.
E urgente que o façam.
Nao quero que os outros sejam como eu. Simplesmente quero que deixem de oprimir os outros i destruir o mundo de que todos precisamos.
@ndre
Re: Belo artigo
> Nao interessa se as pessoas se tornam vegetarianas racionalmente ou
[Por: gnanaatman @ 2009-08-05, 17:54 | Responder | Imprimir ]> espiritualmente, por etica, nojo, religiao, saude, ambiente, imagem
> publica, ou qq outro motivo.
Pois o que eu estou a dizer é que é muito importante a razão que leva as pessoas a fazer aquilo que fazem. Eu não tenho qualquer interesse em que as pessoas sejam obrigadas de forma directa ou indirecta a fazerem o que nós pensamos que está certo. Neste contexto, eu não estou interessado em que as pessoas sejam "obrigadas" a serem vegetarianas. Não estou interessado em que as pessoas sejam vegetarianos porque têm medo daquilo que poderá vir a acontecer ao nosso planeta ou daquilo que os outros vão dizer delas. Eu não defendo a estratégia do medo e da pressão para que as pessoas mudem os seus comportamentos. Se as pessoas mudarem os seu comportamentos com base no medo ou na repressão dos seus desejos naturais o mundo não ficará melhor. Não nos deixemos enganar. O mundo ficará pior. As pessoas têm que evoluir e fazer as suas escolhas de forma livre, em consciência e de forma natural, de outra forma não interessa. De outra forma estamos a construir uma sociedade artificial e repressiva em nome de um planeta são. Esse planeta não seria são. É urgente evoluir. Evoluir não se consegue alterando os hábitos. A alteração dos hábitos é uma consequência natural da evolução.
Re: Belo artigo
[Por: @ 2009-08-06, 11:07 | Responder | Imprimir ]Concordo em geral com o que diz, gnanaatman. O que acontece (e caso tenha lido algum destes livros deve perceber o que quero dizer), é que o que pode levar algumas pessoas a sentir a vontade da mudança de hábitos alimentares, não são os argumentos lógicos descritos, mas as imagens que vários relatos documentados nos suscitam.
Por exemplo, eu deixei de comer carne (de um dia para o outro), ao frequentar um workshop de crescimento pessoal e interacção com tudo e todos, onde já se tinha falado sobre o vegetarianismo, noutras vezes, mas naquela altura estava a falar-se de outra coisa (sobre as várias implicações do acto de fumar) e a minha mente e coração (o meu ser inteiro, digamos), na altura, derivou para outra questão ética, esta, a de comermos animais (tipo "não fumo, nunca fumei, mas por outro lado tenho montes de outras atitudes não éticas") e rapidamente me assomaram imagens de vários anos antes em que tinha casado há pouco tempo e os meus sogros da altura, agricultores e que criavam animais para consumo próprio (e praticamente só comiam carne dos seus animais) me pediram para aprender a matar as galinhas, coelhos, etc., a fim de ajudar, o que eu recusei logo, pois fazia-me a maior das impressões; também não conseguia sequer pegar na carne ainda quente para a preparar e cozinhar e metia-a um pouco no frigorífico, sem dar muito nas vistas (pois as pessoas "habituadas a estas práticas" consideram os outros "fracos, "mariquinhas", "não estão preparados para a vida" e coisas que tais (eu tinha 20 anos na altura)); ao me voltarem rapidamente estas imagens naquele dia, percebi que não conseguir fazer isto e no entanto comer carne era uma hipocrisia da minha parte, como se delegasse a outros este trabalho para mim infame e horrível, mas no entanto eu sustentava-o e nunca tinha percebido isso até então. Pronto, nunca mais consegui comer carne, foi um "clique", como se de repente se acendesse um interruptor. Ainda comi peixe durante uns meses e, novamente no meio de um workshop, agora sob o tema "interacção com a Natureza", nos Açores, passando tempos no alto mar a nadar com golfinhos, perdi completamente a vontade de comer peixe e tornei-me vegetariana na altura (há dez anos, e nunca mais toquei num pedaço que fosse de carne ou peixe, à excepção de no Natal desse ano ter experimentado línguas de bacalhau que eu antigamente gostava muito e não ter conseguido passar do experimentar, enrolava-se-me tudo na garganta, soube-me "a palha" e nunca mais tive vontade de voltar a comer nada que fosse bichinho).
Contei por alto esta minha experiência aqui, numa entrevista para o Centro Vegetariano, que está intitulada "Entrevista a Isabel Matos, Mãe Vegetariana".
Quero só salientar que nestes workshops não se fala apenas sobre estes temas, mas sobre muitos outros, fazem-se meditações, exercícios vários, "viagens no tempo", valorizam-se as intuições, e muitas coisas mais.
Por outro lado, nunca tinha pensado no problema de usar produtos que fazem testes em animais e um belo dia a passear na feira vegetariana de Oeiras, estava lá um "stand" da Associação Animal onde passavam continuamente imagens horripilantes dos testes "científicos" que usam o mais variado tipo de animais. Deu-me tal volta, que "pus mãos à obra" na procura de informação sobre os produtos testados e os não testados em animais para deixar de comprar esses produtos. Neste caso, toda a informação disponível através de todas as pessoas que investigam estes assuntos (como os autores do livro em causa também disponibilizam em relação à indústria animal, aos produtos biológicos, aos produtos de comércio justo, etc., etc.) ajuda bastante a algumas pessoas.
Não vejo este tipo de livros como uma tentativa de moralizar ninguém ou de levar alguém pela lógica
a converter-se ao que quer que seja, mas uma ferramenta útil para algumas pessoas, um dos vários recursos de que podemos dispor para nos ajudar quer a esclarecer algum ponto, quer a perceber algo, quer a levar-nos a encetar uma investigação por conta própria sobre determinados assuntos ou práticas, quer simplesmente a proporcionar-nos alguns "cliques" que também podiam acontecer através de outras vivências, mas que às vezes, não se sabe porquê, acontecem é "naquela" altura.
Um abraço
Isabel Matos
gnanaatman escreveu:
> Ser vegetariano não é nem nunca será uma opção baseada na razão. Nunca
> ninguém alterará hábitos ancestrais através de uma argumentação lógica. E
> se alguém o fizer estará a fazer a coisa certa pelas razões erradas. Estará
> a fingir que é vegetariano e isso vai fazê-lo sentir-se muito infeliz e
> amargo com os não-vegetarianos. Será um infeliz com razão. Eu não quero ter
> razão, eu quero ser feliz. Ninguém será convertido em vegetariano depois de
> uma palestra de ética e ambientalismo. Não vale a pena andarmos a tentar
> convencer os outros com argumentação lógica. O respeito pela natureza e por
> todos os seres vivos não é uma questão de lógica ambientalista. É uma
> questão de consciência e amor-próprio. Só alguém com amor-próprio ama o
> está à sua volta. Só quando as pessoas sentirem que nós e o planeta somos
> um único ser indiferenciável, e quando abandonarem o seu comportamento
> suicida, passarão a respeitar a natureza. Sentir não é entender sob o ponto
> de vista intelectual. As pessoas vivem a matar-se a elas próprias e aos
> outros com o seu estilo de vida suicida. Como podem elas respeitar os
> bichos e o planeta que é apenas uma pedra gigante? Elevar a consciência não
> se consegue com dados estatisticos. Seria fácil resolver os problemas do
> mundo se assim fosse. O mundo não será salvo através da lógica e da razão.
(Por: Isabel Matos)
Re: Belo artigo
Há muitas pessoas que confrontadas com a violência com que tratamos as outras pessoas, os outros animais e o planeta em geral ficam absolutamente indiferentes. Há pessoas que concordam com a guerra, com a pena de morte e com a exploração dos povos mais pobres e no entanto não mudam a sua forma de pensar e agir quando confrontadas com as consequências assustadoras de tudo isto. Há pessoas que assistem à morte de animais e assistem ou participam nos testes em animais e continuam a achar que tudo está bem e tudo é normal. Há pessoas que envenenam o planeta diáriamente e acham que não há problema nisso. Há pessoas que se envenenam diáriamente com muitas e diversas drogas e acham que a vida é mesmo assim. Há muitas pessoas que não se desviam das suas rotinas mentais primitivas porque ainda não estão no momento certo para o fazer. As pessoas que estão preparadas para o fazer fazem-no. As pessoas que são sensíveis ao bem estar geral comportam-se de forma a que todos vivamos bem porque sabem que viver bem é uma qualidade colectiva. Para estas pessoas basta um pequeno clic para mudarem tudo na sua vida. Como podemos viver bem com tantas pessoas em sofrimento, tantos animais em sofrimento e com um planeta envenenado? Não há dinheiro que ensurdeça os gritos de dor de todo um planeta. Muitos de nós têm essa consciência e começaram já a fazer o que podem para alterar a tendência actual em nos auto-destruirmos. Eu também me vi um dia com um peixe vivo na mão e uma faca na outra. Houve um momento em que senti que o peixe me olhou com medo, e o que eu encontrei dentro dos olhos dele foi a mesma coisa, a mesma qualidade ou essência que sinto em mim e que encontro nos olhos de qualquer pessoa. Senti que matar um animal é como espetar um faca em mim mesmo e isso eu não faço. Descobri que não tenho mais essa violência em mim e deixo que as minhas escolhas surgam de forma autêntica e de acordo com a minha natureza. Nesta altura também já tinha decidido há muito não comer carne por razões semelhantes às suas. Não vou delegar cobardemente aos outros aquilo que eu não faço por achar que não deve ser feito e depois fazer de conta que o que tenho no prato é uma coisa qualquer que nasce nos supermercados. Muitos pais contam uma historinha destas às crinças para que as crianças não fiquem chocadas e comam tudo. Pois se os pais mentem às crianças é porque sabem que algo está errado em matar e comer animais, senão não mentiriam e não esconderiam das crianças o sangue que é jorrado para elas comerem o seu hamburger. Por isso tenho uma grande admiração pelas mães vegetarianas e que têm a coragem de não se deixar levar pela ignorância vigente que ainda controla as mentes de muitos doutores. Quando eu decidi deixar de fumar, porque começei a achar absurdo o que eu estava a fazer ao meu corpo, automaticamente comecei a polui menos e a ter mais cuidado com a natureza. O planeta é o nosso corpo alargado e temos que começar por respeitar-mo-nos a nós próprios e a entender como somos importantes e sagrados, depois a forma como tratarmos o resto do planeta vai ser um reflexo deste amor que sentimos por nós.
[Por: gnanaatman @ 2009-08-06, 17:04 | Responder | Imprimir ]