A soja ganhou status de alimento funcional pela presença de fitoquímicos, sendo-lhe atribuídas diversas funções benéficas à saúde. Este processo iniciou-se há cerca de 20 anos, com a divulgação de diversos estudos que referiam a soja como um aliado da mulher contra os sintomas incómodos da menopausa. Mas os benefícios associados ao consumo de soja não ficaram por aí, diversas autoridades médicas, governos, indústrias promoveram a soja como alimento saudável capaz de ter efeito protetor contra o cancro, na regulação da hipertensão, na saúde óssea da mulher, redução do colesterol, entre outros benefícios.
Por ser um alimento em grande expansão, o Centro Vegetariano foi saber o que pensa a nutricionista Caroline Bergerot sobre a soja e derivados. Eis a sua opinião.
1. A soja é um alimento completo?
Nenhum alimento pode ser considerado completo. Existem alimentos ricos em determinados nutrientes que, junto a outros, fazem uma refeição, ou dieta, ser considerada completa, ou equilibrada nutricionalmente.
A soja é uma leguminosa comprovadamente rica, como tantos outros vegetais.
Investigadores do Centro Nacional de Cancro do Japão, ao longo de dez anos, acompanharam os hábitos alimentares de 21,8 mil mulheres com idades compreendidas entre os 40 e 59 anos. Do estudo realizado concluíram, então, que as mulheres que tomavam mais de três tigelas de missoshiru (sopa de soja) por dia tinham menos 40% de probabilidades de desenvolver cancro da mama, quando comparadas com aquelas que ingeriam diariamente apenas uma tigela de sopa. As mulheres que consumiam duas tigelas reduziam em 26% as hipóteses de desenvolver cancro.
Existem vários componentes presentes nos alimentos, capazes de nos protegerem das doenças cardiovasculares, quer na redução do risco quer no tratamento da doença instalada.
Estes componentes estão presentes essencialmente em alimentos de origem vegetal, entre os quais as verduras, frutas, leguminosas, oleaginosas, sementes e cereais integrais.
Se basearmos a alimentação numa grande variedade de alimentos vegetais pouco processados, as probabilidades de sofrermos de doenças cardiovasculares é significativamente mais baixa.
O miso é uma pasta de soja fermentada, produzido a partir dos feijões de soja cozidos e misturados com outros cereais. Após a fermentação dos grãos, a mistura é salgada, obtendo-se uma pasta espessa e nutritiva. É um excelente condimento em variados pratos.
A consistência do miso é pastosa e a cor varia entre o bege claro e o castanho escuro, passando por toda uma gama de cores intermédias. O sabor é intenso e relativamente salgado, assemelhando-se a avelãs. O miso de cor clara é, normalmente, menos salgado e de sabor menos intenso do que o mais escuro.
O leite de soja e o tofu reduzem os riscos de cancro da mama, devido às hormonas que contêm, segundo um estudo realizado recentemente pelos Instituto Nacional de Cancro dos Estados Unidos, Instituto de Investigação do Cancro do Reino Unido e pela Universidade Nacional de Singapura.
As mulheres que consomem mais soja apresentam menos disposição para terem tecidos mamários "densos", predispostos ao cancro da mama.
Observou-se que a taxa de cancros da mama na China e Japão, países onde se consome tradicionalmente mais soja, é inferior à registada nos países ocidentais.
O leite de soja é uma bebida feita a partir dos grãos de soja. É uma óptima alternativa ao leite de vaca e uma boa fonte de proteínas. É de fácil digestão, não contém colesterol e tem menos gordura que o leite de vaca.
Embora a soja seja utilizada na cozinha chinesa desde o século XI a.C, apenas no início do século XX chegou ao Ocidente. Muitos estudos actuais comprovam que os produtos à base de soja, como a proteína texturizada, o tempeh ou o tofu, reduzem o risco de cancro da mama e da próstata, aliviam os sintomas da menopausa, como ondas de calor e suores nocturnos, ajudam a controlar a diabetes, a osteoporose e arteriosclerose.
Actualmente temos presenciado um aumento significativo de várias doenças na mulher, as quais há algumas décadas nem ouvíamos falar. No tempo de nossas avós, parece que elas não sofriam com os incômodos sintomas da menopausa, cancro de mama era algo esporádico e mulheres com problemas cardiovasculares era raríssimo. Mas o que está acontecendo para que a mulher moderna e muito mais ativa seja atingida por essas doenças?