Caroline Bergerot é Nutricionista Clínica, autora de 23 livros sobre vegetarianismo e Directora de Saúde Nutricional da OSCIP Oca Brasil, onde desenvolve o Programa de Assistência Nutricional e Alimentar.
O Centro Vegetariano entrevistou esta nutricionista sobre o consumo de leite de vaca e a questão do cálcio na alimentação vegetariana.
A ingestão regular de leite e a obesidade são factores que poderão estar relacionados. É esta a conclusão a que chega um estudo efectuado a mais de 12 mil crianças com idades compreendidas entre os 9 e os 14 anos de idade.
Este estudo, publicado numa revista americana especializada na área de Pediatria, revela que pode não ser o leite em si a provocar a obesidade, mas sim a quantidade de calorias que este contém e, consequentemente, a quantidade de tomas diárias deste produto que, por norma, é bastante aconselhado para as crianças em idade escolar.
O leite, tantas vezes definido como "o alimento perfeito", está longe de o ser. Basta lembrar que não contém ferro, vitamina C e outros nutrientes essenciais.
Outro aspecto a ter em conta é que além das alergias (por exemplo intolerância às proteínas do leite ou à lactose que se manifesta por vómitos, diarreia, desidratação, dores de estômago, etc.) provocadas pelo leite de vaca, vários estudos apontam também para o facto de existir uma relação directa entre o consumo de leite e o aparecimento da diabetes juvenil (diabetes tipo1 ou mellitus).
Deficiência de ferro: O leite contém muito pouco ferro. Para obter a Dose Diária Recomendada nos Estados Unidos, de 15mg, uma criança teria de beber mais de 35 litros de leite por dia. Além de que este provoca perda de sangue do tracto intestinal, limpando ferro do corpo.
A ideia ainda prevalecente é que o leite de vaca é essencial para se manter uma saúde de ferro. Mas estudos põem em causa esta ideia que vinha sendo considerada um dado adquirido. O leite não só não é benéfico como pode pôr em risco a saúde do consumidor. Os números demonstram uma relação directa entre o consumo de leite de vaca e a sua influência na absorção de cálcio, nos índices de osteoporose e de outras doenças.
O leite de vaca é um fluido insalubre, que contém uma gama ampla de substâncias inconvenientes. O seu consumo prolongado tem um efeito cumulativo prejudicial. Com 59 hormonas activas, vários alérgeneos, gordura e colesterol, a maior parte produzida mostra ainda quantidades mensuráveis de herbicidas, pesticidas, dioxinas (até 2.200 vezes o nível aceitável), até 52 antibióticos poderosos, sangue, pus, fezes, bactérias e vírus. Pode conter resíduos de tudo o que a vaca come. Inclusive coisas como restos radiativos de testes nucleares.
Desenvolveu-se, pode escrever-se, um mito acerca da importância do cálcio e do consumo do leite de vaca. E no entanto as pesquisas vão no sentido de definir o leite como longe de ser o "alimento mais perfeito da natureza", pelo menos para o homem.
Quanto ao cálcio em particular, apenas absorvemos uma pequena parte do que se encontra no leite de vaca.